Fernanda
Eu não sabia quanto tempo tinha passado.
Minutos. Horas. Talvez dias.
A luz que entrava pela janela alta do quarto era sempre a mesma, um tom acinzentado que me fazia perder a noção do tempo, que me fazia esquecer que ainda existia um mundo além das paredes que me cercavam.
O apartamento era silencioso.
Assustadoramente silencioso.
Eu quase podia ouvir meu coração batendo, as batidas rápidas, frenéticas, como as asas de um pássaro preso em uma gaiola pequena demais.
Eu me levantei da cama, os lençóis de seda se amontoando ao meu redor, os pés descalços tocando o mármore frio, os músculos das pernas ainda tremendo, os dedos se apertando ao lado do corpo.
Eu precisava me mover.
Precisava pensar.
Precisava sobreviver.
***
Andei pelo quarto, os passos lentos, os olhos se movendo rapidamente pelos móveis, a cama de lençóis brancos, as cortinas pesadas que cobriam as janelas, o espelho alto que refletia minha própria expressão cansada, os cabelos bagunçados, os olhos vermelhos,