Guilherme
Tinha alguma coisa errada.
Errada demais pra ser coincidência.
As vendas na boate tinham começado a cair fazia umas três semanas. Primeiro foram os clientes VIP sumindo sem explicação. Depois, os fornecedores reclamando que os pacotes estavam encalhados. E agora… agora tinha funcionário cochichando em corredor, segurança que desviava o olhar quando eu passava. O tipo de coisa que precede traição.
Ou guerra.
Subi direto pro andar de cima depois da ligação do Amaral. Ele não dava alarme à toa. E quando disse que JP e João estavam esperando na sala de reuniões — os dois — eu soube. Tinha merda no ventilador.
Entrei sem bater.
A sala era só concreto cru, vidro escuro e uma mesa de mármore preto que parecia uma lápide. JP estava de pé, encostado na janela, cigarro apagado nos dedos. João sentado, o olhar baixo, como se já soubesse que o chão ia abrir a qualquer momento.
— Que porra tá acontecendo com a venda? — perguntei direto, a voz cortando o silêncio como navalha.
JP levanto