FernandaA proposta dele ainda ecoava na minha cabeça mesmo depois de horas. “Exclusiva pra mim.” Três palavras ditas com tanta convicção que pareciam ter sido cravadas na minha pele. Eu conhecia homens como Guilherme. Homens que não pedem, determinam. Que não desejam, tomam.E ainda assim, ali estava eu… dividida entre o que minha mente dizia ser loucura e o que meu corpo gritava como um vício.Me olhei no espelho do banheiro da boate antes de sair. A maquiagem ainda estava intacta, mas meus olhos... eles estavam diferentes. Como se algo dentro de mim estivesse começando a mudar. Eu não era mais só uma acompanhante de luxo com contratos bem definidos e encontros bem pagos. Eu estava me envolvendo com um homem que fazia questão de romper todas as minhas barreiras — e o pior: eu deixava.Ser exclusiva dele significava abandonar tudo que construí com esforço e frieza. Homens poderosos pagavam caro pelo meu tempo. Mas Guilherme… ele não queria só tempo. Ele queria posse.Saí do banheiro
FernandaO que ele queria de mim era mais do que um corpo. Era posse.Desde aquela noite no escritório, a proposta dele ecoava na minha mente feito um tambor no meio do peito. Exclusividade. Palavra bonita pra uma prisão de luxo. Ele queria que eu fosse só dele, que deixasse meus programas de lado, que me vendesse apenas para ele — mas com preço fixo, horário incerto e sentimento nenhum permitido. Só que com Guilherme... nada era tão simples assim.E o pior era que eu estava tentada a aceitar.Não porque ele me ofereceu dinheiro. Isso eu já conhecia. Era o jeito que ele me olhava — como se tivesse me desnudado inteira antes mesmo de tirar minha roupa. Como se cada toque dele escrevesse em mim o nome dele, como se eu já tivesse me tornado propriedade antes mesmo de assinar qualquer acordo.Naquela manhã, eu me vesti pra outro cliente. Mas a mão tremia no zíper. A maquiagem escondia, mal e mal, a confusão nos olhos. E no fundo, eu sabia que, mesmo que eu dissesse não... ***O motorista
GuilhermeEla não sabia, mas já era minha desde a primeira noite.Não por palavras, nem por contratos. Por olhar. Por silêncio. Por aquele instante em que ela tentou manter a pose e eu percebi o que tinha por trás dela. Uma mulher que se vende, mas não se entrega. Uma mulher que sorri com o rosto e grita com os olhos.Fernanda.Eu não a escolhi como quem escolhe uma acompanhante. Eu a escolhi como quem reconhece o que é seu. E o mais curioso é que ela achou que tinha opção.Desde o início, o plano era simples: cercar. Cortar os ruídos. Tirar o mundo de perto dela até que só restasse a minha voz.E funcionou.Ela resistiu, claro. Todas resistem no começo. Acham que estão no controle, que podem negociar. Mas o que eu oferecia não era uma transação. Era um tipo de fé. Uma rendição sem glória.Lembro exatamente da noite em que joguei a proposta na mesa. Escritório fechado, whisky caro, ela sentada na poltrona com as pernas cruzadas e um vestido que pedia para ser rasgado. Mas não toquei n
GuilhermeO que Fernanda via era só uma camada. A superfície. O terno alinhado, o sorriso controlado, o escritório de vidro no topo da boate. Um CEO de respeito, respeitado. Mas o que realmente me fazia poderoso não estava no contrato social da empresa. Estava nos corredores escuros atrás do bar, nas conversas murmuradas entre beats pesados e olhares dopados.A boate, a Morro, era só cenário. Luxo, luzes, decadência com perfume francês. O que a elite paulistana chama de “vida noturna”. O que eu chamo de vitrine.Atrás daquela fachada, rodava o meu império. Cocaína pura, sem mistura de padaria. Distribuída com precisão cirúrgi
FernandaEra só mais uma noite.Mais um vestido justo, salto alto, maquiagem afiada o bastante pra esconder a bagunça por dentro. A boate dele — Morro. Eu não devia estar ali. Mas o cliente queria, e eu precisava manter as aparências de que ainda era dona de mim.Eu sabia que ele estaria lá. Guilherme. Sempre estava.Entrei como se nada. Como se o coração não tivesse tropeçado no primeiro passo. O cliente do meu lado era rico, bonito, educado. E completamente irrelevante. Eu fingia ouvir, sorrir, beber. Mas meu olhar escorregava por cima do ombro dele, procurando só um rosto. FernandaSumir por uns dias parecia simples.Desliguei o telefone. Bloqueei mensagens. Inventei uma viagem. Fiquei fora da boate, longe dos olhos dele, longe das mãos dele. Voltei a fazer programas discretos, com clientes antigos, em hotéis anônimos, como nos velhos tempos.Achei que poderia respirar.Mas mesmo no silêncio, sentia ele me rondando. Guilherme era presença mesmo ausente. Era voz que ecoava nos ossos, olhar tatuado nas costas. E quanto mais eu tentava esquecê-lo, mais o corpo lembrava.Na terceira noite, marquei com um cliente habitual. Um executivo sem graça, que pagava caro e falava pouco. Cheguei no hotel com o sorriso falso que eu já sabia usar. Entramos no elevador. Subimos.Mas não chegamos ao quarto.No corredor do 12º andar, antes da porta abrir, duas sombras surgiram. João.Me congelaram com o olhar.— Hora de voltar — disse JP, calmo demais.— Não tem volta nenhuma. Tô trabalhando — rebati.João segurou meu braço. Com força. Como quem segura algo que já é seu pCapítulo Vinte e Quatro
GuilhermeEla tentou fugir.Eu deixei.Três dias. Foi o tempo que me dei pra ver até onde iria. Como uma corda sendo esticada só pra provar que no fim… sempre arrebenta do lado mais fraco.Fernanda achou que era esperta. Que podia desligar o celular, sumir da boate, voltar a vender o corpo como se o meu nome já não estivesse cravado nele.Deixei correr. Mandei JP rastrear. João seguiu de longe. Bastou um cliente, um hotel qualquer, e já sabíamos onde ela estaria.Tirei ela de lá como se fosse lixo reciclado que tentava voltar pras ruas. E quando a joguei na parede da minha cobertura e fodi ela até quebrar, não foi só pelo sexo.Foi marcação. Foi aviso. Foi selar propriedade.Agora ela sabe.E eu também.Ela não pertence a mais ninguém. Nem a ela mesma.***Desde aquela noite, mudei as regras.Fernanda não dorme mais sozinha. Se não está comigo, tem segurança na porta. Se pisa fora da boate, é com minha autorização. E se algum outro homem ousa falar com ela — olho torto, comentário s
GuilhermeO problema de domar uma mulher selvagem é que ela nunca se entrega de uma vez. Sempre guarda um pedaço. Uma fresta de liberdade, um último sopro de resistência.Fernanda era assim.Mesmo com a rotina controlada, com o corpo rendido, com a vida sob a minha sombra, ela ainda tinha aquela faísca nos olhos. Como se quisesse lembrar a si mesma que podia correr. Que podia lutar.Eu sabia que isso não ia durar. Porque quando um animal aprende que a coleira aperta se tentar escapar, ele para de resistir.E eu já estava pronto para apertar.A ideia veio depois de uma noite longa na boate.Eu estava no escritório, assistindo as câmeras. Fernanda atendia as mesas com aquele sorriso que não mostrava os dentes — um meio termo entre indiferença e raiva.Um dos clientes tentou tocar a mão dela. Ela recuou rápido, firme. Ele insistiu. Antes que JP ou João chegassem para intervir, ela já tinha dado um tapa seco na mão do cara.Sorri de canto. Boa garota. Mas não era suficiente.Porque e