📓 Narrado por Miguel Satamini — Segunda-feira, noite
Renato deu um gole longo no uísque, os olhos semicerrados, a boca ainda curvada num sorriso que eu sabia que não era só de diversão. Ele adorava cutucar até arrancar alguma reação e, maldito seja, estava conseguindo mais do que eu queria admitir.
— Tá… — ele arrastou a voz, recostando-se na cadeira. — Então vai pra Angra. Negócios, limites, Lacerda. Tudo muito bonito. Mas me diz uma coisa, Satamini… — inclinou o copo, o gelo batendo no cristal. — Vai sozinho?
Segurei o copo com firmeza, meu olhar cravado no dele. — Não.
Renato arqueou as sobrancelhas, surpreso. — Não? Então a Marisa vai com você?
— Não. — cortei, a voz seca. — Dessa vez não é a Marisa.
O sorriso dele se abriu de novo, malicioso. — Então é a nova secretária…
Meu silêncio foi resposta suficiente. O olhar dele brilhou, satisfeito, e ele inclinou o corpo pra frente, o riso escapando.
— Hah! Então é isso. Vai levar a novata pro paraíso de Angra. — girou