Narrado por Miguel Satamini — Noite de sábado
O silêncio no carro era cortante. Não havia música, não havia conversa, apenas o ronco grave do motor e a respiração dela que, mesmo contida, parecia preencher todo o espaço. Minhas mãos estavam firmes no volante, mas os nós dos dedos denunciavam a força com que eu o segurava.
O vestido dela tinha uma maldita fenda lateral. Cada vez que o tecido cedia, revelava mais da coxa clara, iluminada pelos postes da rua que passavam rápidos. Aquilo não era apenas provocação era tortura. Eu desviava o olhar de propósito, me forçando a manter a atenção na pista, mas sempre acabava traído pelo canto dos olhos.
Ela ajeitou a barra do vestido discretamente, como se tivesse notado meu esforço em não olhar. O gesto dela, inocente ou proposital, tanto fazia: o efeito foi devastador.
— Esse silêncio… — ela quebrou o ar pesado, a voz baixa, quase hesitante. — Está me deixando nervosa.
— Nervosa? — perguntei, sem desviar os olhos da estrada, mas ar