O pastor fez uma pausa, apoiando as mãos firmemente no púlpito. O silêncio na sala estava denso, quase palpável, como se cada pessoa presente estivesse aguardando ansiosamente a próxima palavra, como quem espera o impacto de uma flecha em pleno voo.
— Eu cresci em outra época. — ele começou, com uma voz grave, embora não austera. — Uma época em que os jovens não ficavam grudados em seus celulares o dia todo. Não estavam sempre se comparando com as vidas editadas dos outros. A gente se reunia nas ruas, jogava bola descalço, corria até o anoitecer... E mesmo assim, havia um respeito maior por nossos pais, pelos mais velhos, até por nós mesmos.
Ele passou a mão pelo queixo e, respirando fundo, prosseguiu:
— Hoje, olhando para esta geração, percebo que vocês têm acesso a tudo o que nunca tivemos. Informação na palma da mão, oportunidades que nossos avós nem sonhavam. Mas ao mesmo tempo, vejo uma juventude perdida. Meninas e meninos que trocam a noite por likes, que medem seu valor pela