capítulo 49

O garfo dela caiu novamente sobre o prato, e, desta vez, ela não fez questão de esconder a irritação que sentia. Com um olhar penetrante, disparou: — Você fala como se fosse um deus inalcançável, Miguel. Contudo, o que eu realmente vejo na sua frente é um homem que se esconde atrás de palavras frias por ter um medo profundo de ser traído outra vez.

Meu pai, em silêncio, colocou o jornal de lado e observou a cena atentamente. Ele não fez qualquer tentativa de intervir.

Minha mãe, levantando-se levemente, disse com uma voz cortante e baixa: — Isso não é força, Miguel. É covardia disfarçada de orgulho.

Levantei-me e arrastei a cadeira, o barulho do móvel contra o chão soou mais alto do que eu imaginava. — Estou indo embora.

Ela também se ergueu, seu olhar fixo em mim, desafiador. — Pode sair. Mas, quando voltar, venha com uma mentalidade diferente.

— Eu não vou mudar. — Respondi, sem hesitar. — Esse sou eu.

O silêncio dela foi mais impactante do que qualquer insulto. Apenas virou-s
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