Narrado por Miguel Satamini
Retornamos à sala de jantar, onde o aroma do tempero caseiro impregnava o ar. Minha mãe se movimentava entre a cozinha e a mesa, trazendo travessas fumegantes: arroz soltinho, feijão grosso, carne assada no ponto certo, e uma salada vibrante, repleta de cores. O cenário era o mesmo de sempre uma mesa farta, copos bem alinhados e uma toalha impecável, como se tudo naquele espaço estivesse à espera de um grande evento. Essa era a maneira que ela tinha de demonstrar seu amor.
Sentei-me à mesa. O som dos talheres sendo colocados reverberava no silêncio entre mim e meu pai. Ele parecia ter voltado para a sua própria fortaleza, escondendo-se atrás das páginas do jornal, como uma barreira contra o mundo à sua volta. Mas minha mãe… ah, minha mãe nunca deixava a situação em paz.
Serviu meu prato com a mesma ternura de quando eu tinha apenas dez anos, enchendo-o generosamente, muito mais do que eu conseguiria comer. Só então ela puxou a cadeira e se sentou, olhan