O despertador tocou às 5h10, cortando a quietude da manhã. Uma dor leve habitava minha cabeça, uma linha fina quase graciosa a resquício de um copo a mais na noite anterior. Era ridículo deixar que isso me afetasse. Levantei-me em questão de segundos. A cama estava arrumada. Boxe não seria uma opção; a vertigem exigia respeito. Executei algumas flexões, segui com um alongamento e realizei exercícios de respiração. O chuveiro gelado me invadiu, com a água caindo na nuca como um tapa que restabelece a sanidade de um homem. Barba feita, camisa branca impecável com o colarinho bem alinhado. O terno grafite, cortado sob medida, moldava-se ao meu corpo. No pulso, o relógio do meu avô. Os sapatos polidos refletiam a luz da manhã. Um café duplo, sem açúcar, completava o ritual, acompanhado por uma proteína rápida e um copo de água.
O espelho não mente e refletiu exatamente o que eu precisava: nada além do essencial. As marcas da noite anterior não deixaram vestígios. Meu semblante não permit