Karen narrando
Graças a Deus, desde que o dia clareou, eu não enjoei. Nem o vômito me deu o ar da graça hoje. Milagre. Milagre mesmo, porque com tudo que tá acontecendo, eu achei que meu estômago ia virar do avesso. Mas tô aqui, firme. Forte. Ou fingindo muito bem.
Olhei pela janela do carro enquanto a gente percorria as ruas de Nova York com o Jonas dirigindo e Miranda no banco do carona. Eu e dona Luísa estávamos no banco de trás com Ana Kelly entre nós. Ela não desgrudava os olhos do ponto vermelho piscando no GPS, como se isso fosse dar mais rapidez ao destino.
— Trouxe todos os documentos — comentei baixinho com dona Luísa. — Se eu passar mal ou se alguma de nós precisar ir a um hospital, tá tudo aqui. Plano de saúde, identificação, exames da gravidez, tudo.
— Fez certo, minha filha — ela respondeu num tom afetuoso, mas com o olhar preso em Ana. — Só não quero que você se estresse. Você também tá carregando uma vida.
— Eu sei. Mas não ia conseguir ficar parada num hotel esperando