Ana Kelly narrando
A casa estava silenciosa. Pela primeira vez em dias, não havia tensão, nem medo, nem correria. Apenas o som suave da respiração da minha filha, dormindo ali, no bercinho ao lado da nossa cama.
Eu achei que fosse conseguir dormir, mas meu corpo ainda estava alerta. Depois de tudo o que passamos… ainda era difícil acreditar que ela estava ali, inteira, quentinha, segura. O quarto estava escuro, mas eu podia enxergar cada detalhe. A silhueta do berço, o contorno do Anthony deitado ao meu lado… e o som que, no fundo, meu coração esperava.
O chorinho veio baixinho, como um sussurro. Aquele choro doce e agudo de bebê recém-nascido. Meus olhos se abriram de imediato, o corpo se ergueu, mesmo dolorido. Mas antes que eu me mexesse por completo, Anthony já estava de pé.
— Calma, amor. Eu pego ela — ele disse baixinho, com a voz rouca de sono.
Vi ele se inclinar sobre o bercinho, pegá-la com aquele jeito dele — firme e delicado ao mesmo tempo — e em segundos, nossa filha estav