Ana Kelly narrando
O celular ainda tremia na minha mão. A tela apagada não escondia o peso da ligação que tinha acabado de acontecer. A voz do Anthony ainda ecoava na minha cabeça — ríspido, machucado, desesperado. E eu entendia. Entendia cada grito, cada palavra dura. Mas ele precisava entender que eu não podia voltar atrás. Não agora.
Respirei fundo, tentando manter a calma. Minha filha estava em casa. Viva. Nos braços do pai. Era a única certeza que me dava força naquele momento. Mas Bárbara… Bárbara ainda respirava. Ainda era uma ameaça. E enquanto ela existisse solta nesse mundo, eu não ia ter paz.
Abri a mala em cima da cama e comecei a separar o que precisava. Um casaco mais grosso — Nova York não perdoava no frio —, celular carregando, documentos organizados… Meus dedos tremiam. Meus pensamentos estavam embaralhados, mas meu foco era um só: acabar com essa história de uma vez por todas.
— Você tá mesmo decidida a ir, não tá? — a voz da Karen soou baixa, vinda da porta.
Levante