Leonardo retirou do buraco uma pequena caixa de metal, com a pintura já desgastada pelo tempo e a ferrugem começando a tomar conta das bordas. Ele olhou para Clarice, que assentiu com um sorriso encorajador. Helena estava parada ao lado, segurando a respiração.
— Cuidado — disse Clarice, como se aquele momento pedisse reverência.
Leonardo apoiou a caixa na raiz da árvore e abriu a tampa com um rangido. Dentro, havia um amontoado de papéis amarelados, algumas fotos dobradas e um pequeno saquinho de tecido. Helena se aproximou devagar.
— Parece um tesouro de verdade — comentou ela, abrindo cuidadosamente um envelope amarelado. Tirou uma fotografia antiga: duas meninas sorrindo, com os cabelos desgrenhados e as roupas de verão já desbotadas.
— Essa sou eu e sua mãe — explicou Clarice, a voz embargada, olhando para a foto. — Tão vivas naquele dia. Era o verão de 1998, se não me engano.
Helena virou a foto para todos verem. Reconhecia os traços em Luísa, mais jovem, mais leve, sem a sombra