Clarice piscou devagar. O nome de Luísa ainda ressoava dentro dela como um sino antigo, esquecido numa torre em ruínas. O pedido da prima, vindo da boca de uma filha que ela nunca conhecera.
— Senta — disse Clarice, com voz firme, apesar do tremor que sentia por dentro. — Você quer chá?
A jovem assentiu, tirando o casaco e o apoiando no encosto da cadeira. Sentou-se como quem entra em uma história alheia, mas percebe que algumas páginas têm o seu nome.
Leonardo colocou as canecas na mesa. O aroma de hortelã e erva-doce se espalhou como um abraço quente.
— Obrigada — murmurou a garota, pegando a caneca com as duas mãos. — Eu me chamo Helena.
Clarice sentou-se à frente dela, os olhos fixos no rosto que, agora que olhava com mais atenção, trazia traços de Luísa. A curva da boca, o jeito de franzir a testa. Mas havia algo mais... um olhar de quem carrega perguntas sem mapa.
— E o que foi que sua mãe pediu exatamente? — Clarice perguntou, tentando manter a calma enquanto seu peito lutava p