Com a ponta dos dedos, Clarice tocava as bordas do tempo — como se quisesse se certificar de que aquilo não era sonho. Sentia a textura real daquela promessa dita sem pressão, apenas com verdade. Como o tecido de um vestido leve que desliza no corpo num fim de tarde. Como o toque de um vento morno que não empurra, apenas acompanha.
Ela acordara cedo, antes mesmo do sol dourar as frestas da cortina. Não por ansiedade, mas por paz. Estava tudo quieto ao redor, mas dentro dela havia movimento. Uma dança interna, serena. Como se o amor tivesse encontrado um lugar onde pudesse repousar sem medo de ser desfeito.
Na cozinha, o copo com a flor ainda estava lá. Torto. Vivo. Real. Sorriu, lembrando-se de Leonardo, da forma como ele havia olhado pra ela antes de sair. Aquilo não era só amor — era aceitação. Era um “sim” dito com o corpo inteiro.
Pegou o caderno e voltou a escrever. As palavras fluíam como água que não encontra mais resistência. Elas não vinham para explicar nada, mas para acompa