O sol invadia pelas frestas do telhado, desenhando listras de luz no chão de madeira. Era como se o próprio tempo tivesse esperado por eles ali, em silêncio.
— Isso é... pior do que eu lembrava — disse Leonardo, tossindo ao agitar uma nuvem de poeira ao empurrar uma das janelas.
Ana limpava uma superfície com a manga da blusa. — Pior e, ao mesmo tempo... perfeito.
Clarice caminhava pelo espaço com passos leves, quase como se não quisesse acordar as memórias adormecidas. Seus olhos exploravam os cantos do celeiro, tocando objetos com a ponta dos dedos, como se afinasse uma lembrança invisível.
— Ainda ouço os ecos aqui dentro — sussurrou. — Como se o silêncio tivesse sido costurado com música há muito tempo.
Leonardo se aproximou da velha bancada. Havia pregos, martelos, pedaços de madeira e uma caixa com retalhos de tecido. Pegou um dos tecidos: roxo desbotado.
— Parece o mesmo do vestido dela — murmurou, segurando-o com cuidado.
— Talvez ela já soubesse — disse Ana, parando ao lado d