O dia nasceu com um vento morno, carregando promessas não ditas. Clarice acordou antes dos outros. Estava com o bilhete da mãe nas mãos, revezando entre leitura e devaneios. "Onde os sinos dormem". A frase ecoava como uma senha mágica.
Leonardo apareceu na cozinha logo depois.
— Vai dar tudo certo, Clarice — disse, servindo café —. Já avisei a Alê. Ela está organizando os arquivos e vai cuidar da mixagem enquanto a gente vai até a capela.
Ana chegou em seguida, amarrando os cabelos num coque apressado.
— Tenho uma sensação estranha. Como se a gente fosse encontrar não só uma música, mas uma parte dela que ficou escondida por amor.
O trio saiu em direção ao sul da propriedade, atravessando os campos dourados. O silêncio entre eles era confortável, como se as palavras tivessem se transformado em passos.
A velha capela da escola estava coberta de hera. O sino de bronze ainda estava lá, pendurado como um segredinho preso ao tempo. Clarice empurrou a porta com cuidado. Um rangido respondeu