O frio ameno de Nova York envolvia a cidade numa brisa leve, anunciando o fim do outono. As folhas douradas cobriam o Central Park como se a natureza desenhasse a sua própria pintura. Emma Mille Vasconcelos caminhava lentamente, sozinha, com um caderno de anotações entre os dedos e um silêncio confortante dentro do peito. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentia que não precisava provar nada ao mundo.
Fazia quase um ano desde que chegara à cidade com sua família. O convite do MoMA transformara sua vida, mais uma vez. Agora, Emma não era apenas reconhecida na Europa ou no Brasil. Ela se tornara um nome universal. Seu estilo carregado de emoção, memórias e verdades atravessava culturas. Mas a fama não era o que a movia.
Naquela manhã, ela havia saído cedo sem avisar Alexandre. Queria pensar. Queria escrever. E queria, acima de tudo, agradecer.
Sentou-se em um banco sob um álamo vermelho, com vista para o lago. A cidade seguia viva ao redor, mas o tempo, para Emma, havia parado.