O dia seguinte amanheceu estranhamente calmo.
Patrícia percebeu isso logo ao abrir os olhos. Não havia aquela pressão no peito, aquela sensação de que algo estava prestes a explodir. O silêncio não era ameaça. Era consequência.
Ela permaneceu alguns minutos deitada, respirando fundo, sentindo o corpo, sentindo o bebê. Havia um cansaço natural, físico, mas a mente estava limpa. Clara. O “não” que dissera no dia anterior não ecoava como dúvida. Ecoava como limite estabelecido.
Levantou-se com cuidado e foi até a cozinha. Preparou o café da manhã com movimentos tranquilos, quase rituais. Cada gesto parecia reafirmar algo simples e poderoso: a vida seguia. Não apesar de tudo, mas depois de tudo.
Enzo apareceu pouco depois, observando-a em silêncio por alguns segundos antes de falar.
— Você está diferente — disse.
— Estou mais leve — Patrícia respondeu, sem olhar para ele. — Não porque acabou, mas porque eu terminei minha parte.
Ele se sentou à mesa.
— Meus advogados acham que Bianca vai t