Patrícia acordou com uma certeza incômoda e poderosa.
Bianca não iria parar.
Não porque tivesse chances reais de vencer, mas porque perder significava encarar algo que ela nunca soubera suportar: a própria irrelevância. Pessoas como Bianca não lutam apenas por controle. Lutam para continuar existindo no centro da narrativa.
E Patrícia entendia isso agora com clareza.
Naquela manhã, o convite chegou de forma oficial. Um envelope elegante, papel grosso, linguagem cuidadosamente neutra. Um pedido de reunião “privada e conciliatória”, intermediada por um escritório renomado. Nada agressivo. Nada explícito. Tudo calculado para parecer razoável.
Patrícia leu até o fim e colocou o envelope sobre a mesa.
— Ela quer me encontrar — disse, olhando para Enzo.
Ele não precisou perguntar quem.
— Não vá — respondeu de imediato. — É armadilha.
— Não — Patrícia disse, com calma. — É tentativa de recuperação de controle. E eu não vou evitar isso. Vou encerrar.
— Encerrar como? — Enzo perguntou, atento.