Patrícia descobriu que o verdadeiro depois não fazia barulho.
Não havia aplausos, nem manchetes, nem aquela sensação grandiosa de encerramento que os filmes prometem. Havia apenas uma sequência de dias comuns, e isso, curiosamente, era o que mais exigia força.
Porque viver depois da guerra era aprender a não lutar o tempo todo.
Naquela manhã, acordou com o sol entrando pela fresta da cortina. O corpo respondeu com um cansaço diferente, mais profundo. A gravidez avançava, e ela sentia isso nos pés inchados, nas costas mais sensíveis, no ritmo que precisava ser respeitado.
Não como limitação. Como inteligência.
Levantou-se devagar, caminhou até a sala e abriu a janela. O barulho da rua era o de sempre. Pessoas indo trabalhar, carros passando, a vida acontecendo sem pedir permissão. Aquilo a tranquilizou.
— É assim que deve ser — murmurou.
Enzo ainda dormia. Patrícia o observou por um instante, não com expectativa, mas com lucidez. Ele não era a âncora da vida dela. Era alguém que escolh