Júlia é uma gerente de vendas regional, competente e dedicada, mas emocionalmente esgotada após descobrir a traição de Gustavo, seu ex-namorado e colega de trabalho. Um ano depois, ainda lidando com as feridas do passado, ela tenta focar no trabalho, mas ter que conviver com seu ex na empresa faz com que suas emoções fiquem à flor da pele. Para complicar ainda mais, a chegada de um novo assistente, o charmoso e confiante Luiz Eduardo, mexe com sua rotina profissional e pessoal. Entre reuniões, metas de vendas e a pressão corporativa, Júlia precisa encontrar forças para lidar com o passado, ao mesmo tempo em que novos desafios surgem, tanto no campo amoroso quanto profissional. Numa batalha entre o coração e a razão, ela descobre que, para seguir em frente, terá que decidir o que realmente quer para o presente.
Leer másEnfim 33 anos!
"Parabéns pra você, nesta data querida..." Por favor, parem! É tudo que minha mente consegue repetir, enquanto sorrio e bato palmas. Tenho plena consciência de que meu sorriso é tão falso quanto uma nota de R$ 3,00, mas o que posso fazer? Quando, enfim, param de cantar, respiro fundo e agradeço a cada um pelas felicitações. — Parabéns, Julia! — Meu ex-namorado me estende a mão, acompanhado de um sorriso que ainda faz meu coração fraquejar. — Obrigada, Gustavo! — Aceito o aperto com uma cordialidade ensaiada, me contendo para não cruzar o olhar com o dele. Raquele me entrega o primeiro pedaço de bolo. Com passos resignados, caminho até a mesa próxima à porta. Segurando o doce envolto em um guardanapo, dou uma mordida sem pressa. O glacê derrete em minha boca, inundando-a de açúcar, mas nem isso é capaz de me animar. Mastigo devagar, sentindo cada grama de peso em meu peito. Eu só queria estar na minha sala, com a mente ocupada no trabalho — longe de tudo isso. Enquanto meus colegas conversam animados e saboreiam seus pedaços de bolo, aproveitando ao máximo a pausa, eu permaneço alheia. Não os julgo. Quem nunca escapou para a copa ou fingiu uma ida ao banheiro, só para fugir dos telefones incessantes, dos relatórios intermináveis ou das cobranças dos chefes? Eu mesma, sendo gerente regional, já fiz isso. Mas o problema não é o trabalho. Desde que descobri a traição de Gustavo, minha vida virou pó. Ele me trocou por uma garota 15 anos mais jovem, e isso corrói meus pensamentos como um ácido. Tentei superar, tentei deixar a dor para trás, mas o peso ainda está aqui. Oito anos. Oito anos de planos e de sonhos jogados fora. Um ano se passou, e ainda dói. É difícil lidar com a presença dele no escritório, ver seu sorriso e saber que não sou a razão por trás dele. E o pior: ter que mascarar meu sofrimento para não comprometer minha carreira. Levo mais um pedaço do bolo à boca, sem realmente sentir o sabor. O cheiro amanteigado me transporta para aquele dia... Era uma manhã de folga, e decidi conhecer o novo shopping do outro lado da cidade. Gustavo tinha uma reunião marcada, então fui sozinha. A gente adorava explorar novos lugares juntos; pelo menos, no começo do namoro, era assim. Mas, naquela manhã, fiquei vagando pelos corredores largos cheios de vitrines chamativas. Em meio a tantas lojas, uma doceria chamou minha atenção. Popular na internet, era famosa por ser do vencedor da última edição do Masterchef Brasil. O ambiente era deslumbrante, perfeito para fotos no I*******m, mas o que me conquistou mesmo foram as vitrines cheias de doces, cada um mais delicado e colorido que o outro. Aproximei-me da vitrine, admirada, e uma bela fatia de Charlotte logo se destacou. Estava prestes a chamar um atendente quando ouvi uma risada masculina. Não era qualquer risada — era a dele. Oito anos juntos são mais do que suficientes para reconhecer a voz, a risada, até o espirro de alguém. Meu coração parou. Olhei na direção do som, e lá estava ele. Sentado no canto mais reservado da loja, ao lado de uma jovem ruiva. As mãos deles estavam entrelaçadas sobre a mesa, enquanto os lábios que me beijaram naquela manhã agora beijavam outra mulher. Por um instante, achei que fosse um engano. Não podia ser meu Gustavo. Mas, quando o beijo terminou, não restavam dúvidas. Sempre imaginei que, se algum dia passasse por uma situação assim, minha versão barraqueira surgiria, pronta para fazer um escândalo digno de novela. Mas ela não apareceu. No lugar dela, havia uma mulher paralisada, tomada pela vergonha, pela raiva e, acima de tudo, por uma dor que me sufocava. Pensei em simplesmente sair dali e, nos dias seguintes, fingir que nada tinha acontecido. Esperar, ver até onde Gustavo iria. Mas meus pés decidiram por mim. Antes que eu percebesse, já estava diante da mesa deles. — Então é aqui a reunião com os novos acionistas?Apesar de todas as informações que Raquele jogou, só consigo pensar no que Eduardo falou sobre sua noite. Como é o nome dela mesmo? Virginia. Homens! Só mudam de endereço, não é? Um dia eles te beijam, falam sobre a ansiedade pelo momento, e no outro já estão com outra.Bestas somos nós, em... em... Bufo e me sento na cadeira, entalada com algo preso na garganta e uma inquietação que não sei de onde vem.Eduardo entra na sala. Mesmo não olhando diretamente para ele, sinto o peso do seu olhar sobre mim. Não querendo conversar, ligo o computador e clico no e-mail que Raquele acabou de enviar. Dentro da pasta, está o material sobre o tal perfume.Luna foi desenvolvido para mulheres que, ao longo dos anos, aprenderam a se reconhecer em sua verdadeira essência. Sua fragrância evolui com o pH da pele, refletindo a maturidade, a confiança e a autenticidade que crescem com o tempo. Como a lua, que se revela de diferentes formas, o Luna é uma assinatura única, iluminando a beleza da mulher que
Jogo água no rosto, tentando afastar o desconforto pela péssima noite que tive. Volto para o quarto, abro o guarda-roupa e pego a primeira peça de roupa que vejo. Visto-me rapidamente e saio, desejando, mais do que nunca, não cruzar com meu vizinho da frente. Ao abrir a porta do apartamento, respiro fundo. A porta dele continua fechada. Encaro o retângulo de madeira pintada de branco e me pergunto se ele dormiu em casa. Será que aproveitou bem a noite com aquela garota? Reviro os olhos, tentando afastar o pensamento. Tranco a porta e sigo em passos firmes para o trabalho. Do lado de fora, o sol me aquece, e o som da cidade desperta o novo dia. Olho na direção que preciso seguir e, inevitavelmente, lembro da primeira vez que Eduardo me acompanhou. Achei estranho no início, mas me acostumei rápido. Agora, meses depois, a estranheza voltou — só que, desta vez, por ele não estar ao meu lado. Ajeito a bolsa no ombro e continuo caminhando. A cada passo, venço a distância, embora u
Sentada à minha mesa, olho discretamente para Eduardo, que se mantém frio e distante, falando comigo apenas o essencial. Por mais que eu tente não lembrar do que aconteceu no sábado à noite, minha mente insiste em me levar de volta àquele beijo — o gosto dele, o arrepio que senti ao ouvir o gemido que escapou da garganta dele e se espalhou pelo meu corpo, ao ponto de, por um momento, esquecer quem éramos.Mas também não consigo esquecer o que veio depois.Quando ele intensificou o beijo e me puxou ainda mais para si, estávamos completamente abraçados, quase nos fundindo, tornando-nos um só.Como se dançássemos uma música só nossa, ele me guiou até a parede da sala. Pude sentir cada um de seus músculos, principalmente o quanto ele estava aceso.Suas mãos percorriam meu corpo, explorando minha pele, fazendo-me experimentar pequenos choques.Não era um beijo selvagem, mas intenso, como se quisesse me marcar. Eduardo me beijava lentamente, explorando todas as extremidades. E, ao sugar mi
O aroma de café trouxe minha mente do mundo dos sonhos para o presente. Não sonhei, mas o sono foi profundo o bastante para me fazer sentir descansada.Abro os olhos e encaro o janelão aberto. A brisa fresca vinda do mar me faz querer continuar deitada, mas a voz de Eduardo interrompe minha contemplação.— Preparei café — diz ele, sentando ao meu lado e me estendendo uma xícara.Ainda sonolenta, sento-me e aceito a bebida com gratidão.— Achou café?— Temos que ir ao supermercado. Enquanto não formos, não vou sossegar. Agora toma isso logo. — Ele diz, levantando-se e indo até a cozinha.— Você não tem nada melhor para fazer? Não tem amigos? Um lugar para ir? — rebato, levantando-me também e indo na direção dele. — Não precisa estragar seu final de semana comigo, Eduardo.Tomo a xícara das mãos dele e a coloco na pia com um gesto firme.— Vai, vai cuidar das suas coisas. Qualquer dia desses eu vou ao supermercado.Quando me viro para encará-lo, ele já está bem perto. Perto demais.— Nã
Faço exatamente o que Eduardo disse ou ordenou, às vezes acontece isso, Eduardo de um jeito peculiar transita entre duas personalidades, uma é gentil, um bom ouvinte, cavalheiro e a outra é um homem que sabe como ordenar de um jeito que não faz parecer. Diferente do Gustavo, que fazia questão de demonstrar quem mandava, muitas vezes brigamos justamente porque ele não aceitava que em algumas campanhas de produtos da New lux, eu fosse colocada como a líder e não ele. Eram semanas de mau-humor, caras feias até que consegui implementar um setor apenas para o marketing, algo que seu Carlos não queria, por dizer que não havia necessidade, mais uma prova de que ele parou no tempo. Assim que consegui implementar o novo o setor, passei a não me envolver mais, não diretamente.Fecho o chuveiro, pego meu roupão, me visto e ao voltar para meu quarto, um cheiro delicioso faz minha barriga roncar. Motivada pelo cheiro apetitoso me visto rapidamente, escovo meus cabelos, borrifo uma colônia e ansio
É curioso como o tempo se estica quando estou sofrendo e se encurta quando estou feliz, completamente envolvida no momento. Depois da terceira música, o cantor faz uma pausa.Não quero abandonar o conforto que encontro nos braços de Eduardo, mas, ao entrelaçar sua mão na minha, ele me guia até a praia.À medida que caminhamos, deixamos o grupo de pessoas para trás. Eduardo permanece em silêncio, enquanto tento assimilar que, há poucos minutos, estava dançando tão próxima dele, sentindo a música, o corpo, o calor, e até as batidas de nossos corações, como se estivessem em sintonia.— Vamos sentar aqui — ele diz, apontando para um pequeno montículo de areia. Antes que eu consiga responder, Eduardo tira o blazer preto, dobra-o com cuidado e o estende na areia, improvisando um assento.Em seguida, ele se senta e estende a mão, ajudando-me a acomodar ao seu lado. De dia, a praia é um lugar animado, repleto de grupos festejando na areia, mas à noite tudo muda. O ambiente se torna mais ínti
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