Celina Alves Lorenzo é tão ciumento… e a raiva que ele sente é tão intensa… que nem percebeu que ainda uso a aliança que ele me deu. Como ele pode pensar que sofreu mais do que eu? Como pode me odiar sem ao menos escutar a verdade? Aquele homem encostou em mim por segundos, e Lorenzo viu aquilo com os olhos do ciúme. Foi o suficiente para acionar seu gatilho. Agora, seu ódio mortal está direcionado a mim. Estou ferrada. Era para eu o odiar também, não era? Mas eu não consigo. Por mais que eu tente, nunca consegui esquecer o que vivi ao lado dele. Porque, com Lorenzo, eu fui verdadeiramente feliz. Com os dedos trêmulos, disquei o número da minha melhor amiga. Nem pensei na hora. O medo apertava meu peito, e minha mente só gritava: liga agora. Eu estava apavorada. E como não estar? A gente vê isso todo dia no noticiário: homens enlouquecendo de ciúmes, matando as mulheres, os filhos, e às vezes até a si mesmos. A raiva cega. O amor doentio também. Mas… Meu Deus, meu amor…
Celina Alves Pensar em tantas coisas fez com que ficasse com uma baita dor de cabeça. Lorenzo acha que vou fugir a qualquer momento e, com isso, ele não sai de perto de Luan. Meu filho, inclusive, estava chamando Lorenzo de papai, e afirmo que é a única hora que vejo Lorenzo sorrir de verdade. Agora, quando ele se dirige a mim, vejo somente ódio em seu olhar. Meu filho também está feliz com o pai: brinca, pula e faz todos os tipos de coisas para chamar a atenção de Lorenzo somente para ele. É a coisa mais linda de se ver. Estou muito triste. Queria que Lorenzo ficasse feliz assim comigo, mas ele me odeia tanto que mal consegue falar comigo e, quando fala, é sempre na base da grosseria. Só falta me bater. Estou arrumando tudo para ir embora com o Lorenzo. Hoje tenho bastante roupa, diferente de quando cheguei aqui com apenas algumas peças. Terminei de arrumar tudo e avisei que estava pronta. Luan já estava de banho tomado, pois o próprio Lorenzo deu banho e o arrumou. Ele me olh
Celina Alves Ana estava na cozinha, arrumando os armários quando entrei, já faminta. O cheiro de comida no ar só reforçava a minha vontade de beliscar algo. Me aproximei devagar e perguntei: — Onde tem alguma coisa que eu possa comer? Ela se virou rapidamente, um pouco surpresa. — Pode deixar que logo servirei a senhora! — Não precisa, não. Pode deixar que eu mesma me sirvo, é só dizer onde estão as coisas — respondi com um meio sorriso. — O que a senhora quer comer? Tem tudo aqui na geladeira — disse ela, apontando com a cabeça. Fui até a geladeira, abri e peguei o básico: pão de forma, presunto e queijo. Preparei o sanduíche exatamente como gostava. Encontrei um suco e me servi, sentando ali mesmo, sem frescura. Enquanto comia, percebi o olhar estranho de Ana sobre mim. Franzi a testa. Provavelmente aquele homem já deve ter feito a minha caveira por aqui. Lorenzo é tão bom nisso quanto em esconder os próprios sentimentos. Ridículo. Terminei meu lanche, lavei o que sujei e me
Lorenzo Ferraz Estamos vivendo em uma casa maravilhosa, longe de tudo e de todos. Se Celina queria riqueza, aqui tem muita. Eu não dou atenção nenhuma a ela, pois, se der, não vou conseguir ficar longe. Minha vontade de abraçá-la é tão grande que chega a doer no meu peito. Está sendo uma droga ficar perto dela e não a tocar, por isso fico bem longe e assim não caio em tentação. Mantive o ódio por ela por tanto tempo... e é melhor assim: ficar bem longe e não ceder ao meu desejo de tomá-la em meus braços e fazer amor até nós dois não aguentarmos mais. Eu sei que estou pegando pesado com Celina, mas ela me traiu, e não consigo esquecer isso! Heitor sempre me fala para esquecer toda essa história e ser feliz com minha mulher... Só que Celina não é mais minha. Há muito tempo. Meu amor por ela virou ódio quando soube que ficou com outro — ou melhor, quando vi com meus próprios olhos o vídeo. Se ela não estivesse tão fodidamente linda, seria totalmente mais fácil, mas ela está mil
Lorenzo Ferraz O dia da festa do meu lindo garoto chegou. Não vi Celina hoje e, pra ser honesto, nem quero ver. Me tranquei no escritório, tentando ocupar a mente com relatórios, e-mails, planilhas... qualquer coisa que não fosse ela. Mas não adiantou. A imagem dela me invadia mesmo quando eu não queria. Cada silêncio no ambiente parecia ecoar o som do choro dela da noite passada. Me afoguei em trabalho até perceber que estava na hora de me arrumar. Subi para o quarto com o coração pesado. Sentei na beira da cama, encostei os cotovelos nos joelhos e enterrei o rosto nas mãos. — Que merda eu tô fazendo? Minha voz saiu baixa, rouca, como se nem tivesse mais forças. Sinto um aperto no peito, uma dor que não passa. A verdade é que não está sendo bom pra mim... e muito menos pra ela. Queria arrancar esse ódio do meu peito. Queria poder olhar pra Celina e só sentir amor, como antes. Queria esquecer tudo, perdoar, voltar atrás... mas não consigo. O que vi, o que ouvi... não me deixa em
Celina Alves Eu chorei tanto depois que fizemos amor e ele saiu sem olhar na minha cara. Foi tão bom... Sentir seus lábios nos meus, seu toque que eu conheço tão bem, seu cheiro misturado ao suor da paixão. Eu esperei tanto por isso. Esperei por ele. Mas o que recebi foi silêncio e uma porta batida. Lorenzo nem sequer me olhou. Meu coração está em pedaços. Ainda o amo com todas as forças que me restam, mas estou cansada... cansada de me doar inteira e receber migalhas. Já se passaram meses desde que voltei para a casa. Lorenzo disse que iríamos nos casar depois do aniversário do Luan. E o aniversário passou. Como tudo passa. E ele… ele nem tocou mais no assunto. Parece que suas promessas foram feitas apenas para me manter por perto. A solidão aqui me consome. Esta casa é linda, espaçosa… mas vazia. Não tem risos, não tem conversas, não tem amor. Apenas ecos e lembranças. Ana é a única com quem posso contar, mas Lorenzo a manda para a casa da mãe dele com o nosso filho, me deixan
Celina Alves Preciso fazer alguma coisa, ou ele vai acabar se matando de tanto beber. Lorenzo estava largado, dormindo sentado na poltrona de couro da suíte. A garrafa de uísque estava vazia no chão. Seu rosto carregava marcas do cansaço, do álcool e da culpa. Esse homem está se afundando... e tudo por causa daquela maldita Gabrielle. Me aproximei em silêncio, sentindo o coração bater forte. O celular dele estava sobre o criado-mudo, desbloqueado, como se o destino estivesse me oferecendo uma chance. Agarrei a oportunidade. Toquei no aparelho e fui direto nas conversas com Gabrielle. Li por cima e senti a raiva me consumir. Sem pensar duas vezes, selecionei todas as mensagens e enviei para o meu número. Depois, apaguei todos os rastros da ação. Se eu soubesse clonar o celular, seria mais fácil. Mas infelizmente, ainda não cheguei nesse nível. De qualquer forma, agora eu tinha o número daquela piranha. Voltei a olhar para Lorenzo. Como ele teve coragem de beber a garrafa inteira?
Lorenzo Ferraz Eu estou à beira de explodir. É inacreditável como Celina mentiu para mim durante todo esse tempo. Com aquela cara de boa moça, me dizendo que nunca nem se tocou, que era inocente... e agora eu descubro coisas que me enojam. Coisas que me fazem questionar minha sanidade por tê-la amado. Aos quatorze anos, ela já permitia que homens colocassem as mãos em seu corpo. Tem fotos — fotos, meu Deus — dela tão nova, de lingerie, fazendo poses que nenhuma adolescente deveria fazer. No início, eu queria acreditar que era armação da Gabrielle, mais uma tentativa dela de destruir a imagem de Celina. Mas quando Marina entrou na história e confirmou tudo... eu gravei. Palavra por palavra. Agora não resta mais dúvida. Ela não vai escapar dessa vez. Minha decisão está tomada: vou tirar Luan dela. Não vou deixar meu filho crescer perto de uma mulher com um passado tão sujo. Liguei para um dos seguranças. Ele disse que minha mãe havia saído com Celina. Ela só pode estar louca!