POV GAIA.
O choque me dominou. Como assim a alcateia de Caspian estava sendo afetada com essa doença misteriosa? Me perguntava. Olhei para Bele, ainda sem acreditar no que me contou, e falei, preocupada com minha família:
— Isso é impossível. Se isso for verdade, nenhum lobo estará seguro — falei, apreensiva. Bele me olhou, hesitante, antes de continuar, como se tivesse algo ainda mais preocupante para dizer.
— Gai, eu ouvi, por acaso, duas anciãs comentando… — disse com uma expressão preocupada, olhando ao redor como se quisesse ter certeza de que não havia ninguém escutando. Senti meu coração acelerar e o ar ao meu redor ficar pesado.
— O que é, Bele? Fale logo! — exigi, sentindo a apreensão e a curiosidade se misturarem.
— Elas estão achando que esta doença… não é natural — sussurrou Bele. — Estavam dizendo que foi criada — contou. Ficamos ambas em silêncio por um momento. Meu coração parecia estar batendo mais alto do que o som da respiração dela.
— Criada? Por quem? — perguntei, minha mente já formando cenários terríveis.
— Por bruxos, é o que elas acham — respondeu, sua voz quase inaudível.
Um calafrio percorreu minha espinha. Se isso fosse verdade, seria um ataque que abalaria todo o equilíbrio entre bruxos e lycans. E isso acabaria em guerra. Perderíamos a paz que muitos lutaram para ter entre bruxos e lobos. Suspirei preocupada.
Resolvemos esperar meu bisavô voltar de viagem para conversarmos sobre esse assunto. Minutos depois, Bele se despediu e foi embora. Comecei a trabalhar no meu laboratório, mas estava difícil de me concentrar. Respirei fundo tentando focar no trabalho.
— Eu sinto sua tensão. O que está te incomodando? — perguntou Minerva, com sua voz calma, invadindo minha mente.
— Estou preocupada com nossa família e alcateia. Se essa doença for real e estiver afetando os lycans, não vai demorar para sair do Canadá — comentei.
— Verdade. Mas é somente isso que te incomoda? — perguntou.
— Como assim? — perguntei, sem entender onde ela queria chegar.
— Só está preocupada com nossa família e alcateia, ou tem algo mais? Talvez a informação de que a Crescente esteja sofrendo com essa doença tenha te afetado — falou.
— Está louca. Por que eu me preocuparia com aqueles infelizes? Eu quero mais é que eles se explodam — falei, com raiva.
— Está bem, não queria te irritar. Mas não sentiu nada com a informação? — falou Minerva, insistindo.
— Claro que senti — falei, séria.
— O que você sentiu? — perguntou, curiosa.
— Satisfação em saber que aquele alfa maldito possa estar sofrendo — comentei, sorrindo.
— Como você é malvada. Não se preocupa que a alcateia dele sofra? — perguntou Minerva, divertida.
— Não mesmo. Aqueles infelizes me hostilizaram quando ele me rejeitou. Por que tenho que ter pena de quem me fez sofrer? — perguntei.
— Você está certa — disse. Eu sorri e comecei a trabalhar, deixando meu ex-companheiro no esquecimento, sendo onde ele deveria ficar. Até que eu me vingue.
DOIS DIAS DEPOIS…
Quando a campainha tocou e abri a porta, me deparei com uma grande surpresa.
— Vovô — falei, feliz.
— Gaia — falou, sorridente, e me abraçou. Eu amava muito meu bisavô. Ele foi fundamental para meu amadurecimento, para controlar e lidar com meus poderes, e, principalmente, para superar a rejeição que sofri. Foram tempos difíceis e passamos juntos. Entramos e nos sentamos no sofá.
— Vovô, o que faz aqui tão cedo? Pensei que estivesse viajando? — Perguntei.
— Eu vim te ver. Lamento não estar ontem aqui com você — falou, me abraçando mais apertado.
— Obrigada, vovô, pelo seu carinho — falei, sorrindo. — Mas encurtou sua viagem por minha causa? — Perguntei.
— Não, minha princesa. Surgiu um assunto urgente. Voltei para fazer um favor aos seus pais e à minha mãe — falou, sério. Me afastei um pouco e o observei com atenção.
— O que aconteceu? — perguntei, preocupada.
— Não sei se já está ciente da doença que está atingindo os lobos aqui do Canadá — falou.
— A Bele me contou. Eu estava aguardando seu retorno para perguntar se era verdade o que estão falando — comentei.
— Sim, é verdade. Estão acontecendo contágios por todo o país — falou, apreensivo.
— Mas o que meus pais e vovó Morgana têm a ver com esse assunto? — perguntei, sem entender, e um pouco apreensiva. Será que a doença chegou até os Uivantes?
— Quero que não se irrite, mas o alfa Caspian esteve na alcateia de seus pais, pedindo ajuda para lidar com essa doença — contou. Me levantei num salto.
— Aquele maldito ousou pisar na minha casa? — falei, rosnando. Quando olhei para minhas mãos, elas estavam brilhando.
— Se acalme, Gaia, e respire — falou vovô, se aproximando devagar e me abraçando. Somente ele conseguia me acalmar quando ficava assim. Fui respirando devagar, assim como ele falou, e logo estava mais controlada, mas ainda estava raivosa com a ousadia daquele alfazinho.
— Pode continuar, vovô. Por que aquele um foi procurar logo meus pais? — perguntei.
— Caspian acredita que a doença seja mágica e solicitou ajuda para descobrir. E ele está certo — falou e se afastou para me olhar.
— Bele disse que há rumores de a doença ter sido lançada por um bruxo — comentei.
— Sim, há essas especulações. Precisamos investigar e tomar as providências cabíveis — comentou.
— Mas onde o senhor entra nessa história? — perguntei.
— Sua mãe queria ir até lá investigar, mas seu pai não deixou. Sabe como ele é protetor com ela. Então Amélia pediu para minha mãe, mas você conhece Morgana: ela nunca iria ajudar o alfa Caspian depois de tudo que ele fez com você. Mas sabe como essa doença é preocupante. Então ela sugeriu que eu ajudasse. Por estar mais perto e ser um híbrido, eu serei imparcial nesse assunto — explicou.
— Entendo — falei.
— Eu quis te contar pessoalmente e te avisar para não ser pega de surpresa — comentou.
— Obrigada, vovô, mas não precisa se preocupar — falei.
— Então, não venha a minha casa amanhã. Ele chegará ao meio-dia. — Avisou vovô ao sair. Eu não comentei nada, porque não queria me irritar mais.
Mas naquela noite, quando me deitei para dormir e estava quase adormecendo, ouvi Minerva, rir em minha mente.
— Qual é a graça? — Perguntei.
— Só estou pensando: será que o alfa vai se arrepender até os ossos quando vir o que você se tornou? — Perguntou provocadora. Meu coração errou uma batida em imaginar encontrá-lo.