O som da chuva batendo na janela parecia acompanhar meu humor: confuso, barulhento e impossível de ignorar.
Maikon estava na sala, jogado no sofá, rindo de alguma piada idiota com Alec.
Sim, Alec.
Na minha casa.
Quando cheguei do banho, quase deixei cair a toalha de susto.
— O que você tá fazendo aqui? — perguntei, parando no batente da porta da sala.
Alec se virou, aquele mesmo sorriso meio torto no rosto.
— Visita técnica.
— Do quê?
— Do caos, — ele respondeu, rindo. — Vim devolver o caderno do seu irmão, mas ele me sequestrou pro videogame.
Maikon levantou o controle e gritou:
— Ele só veio perder, Anne!
Revirei os olhos, fingindo não notar o olhar rápido que Alec lançou pra mim — aquele tipo de olhar que dura um segundo, mas deixa o coração acelerado por minutos.
Mamãe apareceu da cozinha, já de casaco.
— Filha, tô saindo. O plantão vai ser longo hoje.
Ela colocou umas notas na mesa.
— Tem dinheiro aí pra pedir lanche, tá bom?
— Tá, — respondi, e ela beijou minha testa antes de sa