Valéria Carvalho sempre viveu de forma discreta, mergulhada em sua paixão pela música, até que uma traição devastadora a empurra para um caminho inesperado. Agora, ela se vê envolvida em um relacionamento intenso com Felipe Cavalcante, um empresário poderoso, frio e calculista, que guarda segredos mais profundos do que ela poderia imaginar. Felipe nunca deixou ninguém se aproximar verdadeiramente de sua vida. Mas Valéria é diferente, e apesar de seus esforços para mantê-la à distância, ele se vê atraído por ela de uma forma que desafia toda a sua racionalidade. Entre beijos de tirar o fôlego e momentos de tensão, eles navegam por um romance conturbado, cercado por intrigas familiares, ameaças misteriosas e escolhas difíceis. Quando sombras do passado ressurgem, incluindo uma ex-namorada que Felipe nunca esqueceu, Valéria percebe que está mais envolvida do que gostaria nesse jogo de poder e controle. Dividida entre o medo de perdê-lo e o desejo de mantê-lo por perto, ela terá que decidir se vale a pena lutar por esse amor. Com a pressão crescente de forças externas que ameaçam separá-los, Felipe e Valéria precisarão enfrentar seus próprios demônios e descobrir se o amor pode sobreviver em meio a segredos e mentiras.
Leer másValéria havia acabado de descobrir a traição. Gustavo, o homem com quem ela planejava seu futuro, estava com outra.
Ela não teve tempo para processar a dor. Não podia chorar, não agora. Lara já a esperava. Elas tinham uma apresentação no The Velvet Room, o pub elegante e sofisticado de Rafael, amigo de Lara. A música, por mais difícil que fosse naquele momento, seria sua única fuga. O silêncio no carro pesava. A imagem de Gustavo com outra mulher não saía de sua cabeça. Mas Valéria sabia que não podia desmoronar agora. Quando chegaram ao The Velvet Room, o ambiente acolhedor a envolveu. As luzes suaves refletiam nas paredes de madeira escura e nos detalhes de couro. Era um lugar elegante, feito para noites especiais. O som abafado das conversas e o tilintar de copos ecoavam pelo ar, criando uma atmosfera refinada. Rafael as esperava logo na entrada, sorrindo. — Vocês chegaram na hora! O palco está pronto — disse ele, cumprimentando-as. Valéria forçou um sorriso. Tudo que queria era desaparecer. Mas a música precisava acontecer. No palco, ela se sentou ao piano. Lara estava ao lado com seu violino. O primeiro acorde ecoou pelo pub. A melodia suave e melancólica preenchia o espaço, mas Valéria não estava ali de verdade. Tocava no automático, sem conexão com as notas que saíam de suas mãos. Felipe, sentado à mesa com Rafael e outros amigos, ergueu os olhos ao ouvir a música. Seu olhar fixou-se em Valéria, mas ele permaneceu em silêncio. Quando a apresentação terminou, o pub foi tomado por aplausos discretos. Valéria e Lara agradeceram rapidamente e desceram do palco. Rafael se aproximou, sempre sorrindo. — Vocês foram incríveis! Venham, quero apresentar vocês aos meus amigos. Valéria hesitou, mas seguiu com Lara. Rafael as levou até uma mesa onde estavam Heitor, Adriano e Felipe. — Valéria, Lara, esses são Heitor, Adriano e Felipe — apresentou Rafael. — A apresentação foi espetacular! — elogiou Heitor. — Realmente impressionante. Há quanto tempo vocês tocam juntas? — perguntou Adriano. - A três anos. - Lara respondeu. Mas Valéria não conseguia se concentrar. Sua mente vagava. Gustavo. A traição. A dor. Felipe observava Valéria em silêncio. Algo na postura dela o intrigava. Ela estava presente fisicamente, mas sua mente estava longe. Valéria tomou um gole de vinho. Depois, outro. Cada gole parecia aliviar momentaneamente a dor, mas não o suficiente. Ela não aguentava mais estar ali. Felipe se levantou. — Vou lá fora fumar um pouco — disse ele, sem muita convicção. Ele não era fumante, mas qualquer desculpa servia para escapar por um momento. Ele saiu pelo corredor que dava acesso ao banheiro, onde havia uma área aberta e reservada para fumantes. A noite estava fresca, e o ar trouxe certo alívio para os pensamentos que giravam em sua mente. Valéria, por sua vez, também se levantou alguns minutos depois. — Com licença — murmurou, sem dar mais explicações. Ela foi ao banheiro, lavou o rosto e se encarou no espelho. Seus olhos estavam cheios de emoções reprimidas. A imagem de Gustavo ainda queimava em sua mente. Respirou fundo, tentando se recompor. Ao sair, cruzou o corredor e se deparou com Felipe, parado na área de fumantes. Ele não fumava, mas estava ali, com as mãos nos bolsos, encarando o céu. — Você está bem? — perguntou ele, a voz baixa e firme, quando notou a presença dela. Valéria o encarou por um segundo. Queria dizer que não, que nada estava bem. Mas as palavras não saíram. Em vez disso, algo mais forte a impulsionou. Sem pensar, ela o beijou. Foi um beijo cheio de emoção — raiva, tristeza e a necessidade de esquecer, mesmo que só por um instante. Felipe, pego de surpresa, hesitou por um segundo, mas logo a puxou para mais perto, retribuindo o beijo. O ar entre eles ficou pesado, carregado de tensão e algo não resolvido. Quando o beijo terminou, Valéria ainda estava próxima a ele. Ela o olhou por um instante, respirando fundo. — Você… — começou ela, hesitante. — Quer sair daqui? Pra um lugar mais reservado? Felipe franziu o cenho levemente, sua expressão mais séria agora. — Você tem certeza disso? — perguntou ele, direto. — Tá com algum problema e quer me usar pra aliviar, é isso? Valéria hesitou. Ela sabia que ele tinha razão, mas não tinha como explicar o que sentia. — Eu só… preciso sair daqui — respondeu, com a voz baixa. Felipe a observou por mais alguns segundos. Ele não parecia convencido, mas também não estava disposto a recuar. — Só espero que você não se arrependa — disse ele, com um leve sorriso, embora seu tom fosse sério. - Não sou bom em consolar. Valéria respirou fundo. — Eu não vou — afirmou, tentando se convencer disso. Felipe deu de ombros, concordando. — Então vamos.Na manhã seguinte, a luz suave do sol vienense iluminava o quarto onde Felipe e Valéria ainda estavam deitados. Ele acordou antes dela, observando-a em silêncio, como se quisesse guardar aquele momento para sempre.Quando ela finalmente abriu os olhos, ele sorriu, inclinando-se para beijá-la suavemente na testa.— Bom dia. — Disse ele, sua voz rouca e calorosa.Valéria sorriu levemente, ainda ajustando-se à realidade de que Felipe estava ali, com ela.— Bom dia. — Respondeu, sua voz suave.Por alguns instantes, ficaram em silêncio, apenas apreciando a presença um do outro. Mas Valéria, sempre prática, quebrou o momento.— E Sofia? — Perguntou, virando-se para encará-lo. — Como você vai explicar para ela... tudo isso?Felipe suspirou, mas manteve o olhar firme.— Eu vou conversar com Sofia hoje. Não se preocupe, Valéria. Ela vai entender. — Disse ele, segurando a mão dela. — O mais importante agora é você. Nós. O resto se ajeita.Ela assentiu, tentando confiar nas palavras dele, mas ai
Valéria recuou um passo, tentando recuperar o fôlego e processar o que acabara de acontecer. O olhar de Felipe estava fixo no dela, intenso, carregado de emoção, e ela sabia que não podia mais negar o que sentia.— Felipe... — Começou, mas a voz dela falhou por um instante. Não havia mais o que dizer. Tudo estava claro entre eles.Ele deu um passo à frente, a mão estendendo-se levemente, hesitante, mas cheio de determinação.— Eu sei que você já entendeu tudo, Valéria. Que não foi o que pareceu, que não houve intenção de te magoar. Mas agora não se trata do passado. Se trata de nós... e do que ainda somos. — Ele falou baixo, mas cada palavra carregava um peso que ela sentiu profundamente.Ela respirou fundo, tentando manter o controle sobre si mesma, mas o calor da presença dele era avassalador.— E o que nós somos, Felipe? — Perguntou, com a voz quase um sussurro.Ele deu mais um passo, a mão pousando delicadamente no braço dela, o toque enviando uma onda elétrica por seu corpo.— Nó
Entendi o ponto e concordo que seria mais O som de batidas firmes na porta ecoou pelo apartamento silencioso. Valéria estava no sofá, ainda em seu vestido de apresentação, os pensamentos girando em um turbilhão. Ela não esperava ninguém, especialmente àquela hora. Franziu a testa ao se aproximar da porta.Quando abriu, o ar pareceu desaparecer de seus pulmões. Felipe estava ali, tão próximo que ela quase podia sentir o calor dele. Ele usava um terno impecável, mas seus olhos estavam intensos, determinados.— O que você está fazendo aqui? — Perguntou ela, surpresa, mas mantendo um tom defensivo.Felipe cruzou os braços, os ombros tensos.— Precisamos conversar. — Disse ele, sem rodeios.Valéria piscou, sentindo uma mistura de emoções. Ela tentou fechar a porta, mas ele a segurou, sem forçar, mas sem recuar.— Valéria, não faça isso. Você pode me odiar, mas não pode fugir de mim agora. — Disse ele, sua voz baixa, mas cheia de firmeza.Ela suspirou, recuando e deixando espaço para ele e
O teatro explodiu em aplausos enquanto a última nota ainda ecoava no ar. Valéria e Sofia se levantaram, reverenciando o público que agora estava de pé. O sorriso profissional de Valéria escondia o turbilhão de emoções que fervilhavam em seu interior. Cada olhar dela para Felipe na plateia parecia queimar, mas ela se recusava a demonstrar.Sofia, ao seu lado, parecia extasiada com a recepção calorosa, acenando para o público com entusiasmo. Quando as cortinas finalmente fecharam, as duas retornaram aos bastidores, ainda sentindo a adrenalina da apresentação.— Foi incrível, Valéria! — Exclamou Sofia, abraçando-a brevemente. — Eu sabia que seria memorável, mas isso... isso superou tudo!Valéria esboçou um sorriso discreto, tentando ignorar a presença de Felipe em sua mente.— Obrigada, Sofia. Você também foi maravilhosa. — Respondeu ela, pegando uma garrafa de água para se recompor.Nicolas apareceu logo em seguida, aplaudindo com vigor.— Damas, vocês arrasaram. Esse concerto será lemb
Valéria parou abruptamente, o mundo parecendo girar ao redor dela. Os olhos de Felipe encontraram os dela, e por um instante, tudo ao redor ficou em segundo plano.— Valéria... — Disse Felipe, com um tom baixo e carregado de significado.Sofia olhou de um para o outro, a confusão evidente em sua expressão.— Espera, vocês já se conhecem? — Perguntou, sua voz cheia de surpresa.Valéria abriu a boca para responder, mas Felipe foi mais rápido.— Sim, nós... nos conhecemos há algum tempo. — Disse ele, tentando manter a calma, mas os olhos nunca deixando os de Valéria.— Ah! Que coincidência maravilhosa! — Disse Sofia, sem perceber a tensão no ar. — Então isso torna tudo ainda mais especial.Valéria desviou o olhar para Sofia, forçando um sorriso.— Coincidência mesmo. — Disse, com a voz controlada.Sofia parecia prestes a fazer mais perguntas, mas algo na postura de Felipe a fez hesitar. Em vez disso, ela sorriu, aparentemente alheia à profundidade do momento.— Bem, Valéria, tenho que ad
As luzes do palco brilhavam intensamente, refletindo nos detalhes do piano de cauda que parecia um trono no centro do grande salão. Valéria sentou-se pela última vez naquela turnê, em um teatro lotado na cidade de Milão. O som das palmas iniciais foi abafado pela respiração profunda que ela tomou antes de começar a tocar. Este era o momento final da jornada que a trouxera por diversas cidades, cada uma marcando uma etapa de sua redescoberta. A música fluía de seus dedos como uma despedida, carregada de emoções que ela guardava desde o início da turnê. Quando a última nota se dissipou no ar, a plateia explodiu em aplausos, mas Valéria só conseguia pensar no próximo passo: Viena. Dois dias depois, Valéria embarcou em um trem para Viena. A paisagem que deslizava pela janela era uma mistura de campos verdes e montanhas distantes, quase cinematográfica. Nicolas estava sentado à sua frente, revisando papéis sobre o concerto beneficente que aconteceria dali a poucos dias. — Nervosa para
Último capítulo