O beijo explodiu como um incêndio que ambos fingiam que não existia. Ardia como fogo roubado. Mágoa, raiva, dor, desejo: tudo veio junto, como uma onda devastadora. Misturado em um choque brutal.
Olívia resistiu por um instante, mas logo reagiu compensando o seu atraso, o corpo traiu a mente, cedendo ao calor dos lábios dele, cedendo a entrega e à urgência das mãos que a seguravam. Era errado, era imprudente, era inevitável. Sentia seu corpo se mover ainda mais próximo dela, a sensação era como sonhar acordada.
Até que a realidade caiu sobre ela.
Como se tivesse despertado, apenas disse a si mesma que não era verdade. Nada daquilo. Não podia ser.
Sabia que se existe desejo, é porque há uma chama.
Se existe uma chama, alguém está fadado a se queimar.
E Olívia não queria ser aquela que queimaria. Até a morte.
Por isso, precisou reagir.
O instinto a fez empurrá-lo com força.
— Não! — gritou, o peito arfando, e antes que pudesse medir o gesto, a sua mão voou, estalando contra o rosto dele