Ian saiu do quarto como quem atravessa fogo.
A porta se fechou atrás dele, mas não fechou o que queimava dentro do peito.
O beijo ainda ardia na boca, nos músculos, no pensamento. Ele odiava isso. Odiava perder o controle. Odiava sentir-se refém de algo que não sabia nomear.
Por que reagira assim?
Nunca fora homem de impulsos. Sua vida sempre fora feita de cálculos, frieza, precisão cirúrgica nas emoções. Nada o desestabilizava. Até agora.
Mas aquele beijo…
Não era só desejo. Não era só proximidade forçada.
Era familiar. Reconhecido.
O encaixe dela no corpo dele parecia antigo, quase como se já tivesse acontecido antes, como se o mundo apenas tivesse esquecido de registrar.
Ele respirou fundo, travando os punhos.
Pare. Não vá por aí.
Forçou-se a silenciar a mente, a enterrar a lembrança quente de Olívia contra ele.
Mas cada passo no corredor parecia carregar o gosto dela ainda na boca.
Quando se aproximava da recepção, ouviu seu nome.
— Ian!
Ele parou, virando-se devagar.
Carolina.
O