Capítulo 74

Ian saiu do quarto como quem atravessa fogo.

A porta se fechou atrás dele, mas não fechou o que queimava dentro do peito.

O beijo ainda ardia na boca, nos músculos, no pensamento. Ele odiava isso. Odiava perder o controle. Odiava sentir-se refém de algo que não sabia nomear.

Por que reagira assim?

Nunca fora homem de impulsos. Sua vida sempre fora feita de cálculos, frieza, precisão cirúrgica nas emoções. Nada o desestabilizava. Até agora.

Mas aquele beijo…

Não era só desejo. Não era só proximidade forçada.

Era familiar. Reconhecido.

O encaixe dela no corpo dele parecia antigo, quase como se já tivesse acontecido antes, como se o mundo apenas tivesse esquecido de registrar.

Ele respirou fundo, travando os punhos.

Pare. Não vá por aí.

Forçou-se a silenciar a mente, a enterrar a lembrança quente de Olívia contra ele.

Mas cada passo no corredor parecia carregar o gosto dela ainda na boca.

Quando se aproximava da recepção, ouviu seu nome.

— Ian!

Ele parou, virando-se devagar.

Carolina.

O
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