Capítulo 243

O sol da manhã entrava em listras douradas pela janela do quarto, mas Carla não conseguia sentir seu calor. Ela perambulava pelo quarto como uma alma penada, as mãos trêmulas, o coração um peso morto no peito.

Ignorar. É só ignorar para sempre, pensou, passando os dedos pelo cabelo desalinhado.

Chorar? Não. Já chorei demais por homens.

Fugir. Ligar para Olívia, pedir para sumir desta cidade, desta vida.

Mas o orgulho era uma couraça mais forte. Mais forte que a dor latejante, mais forte que a esperança ridícula que teimava em brotar, mesmo agora, como um verde teimoso sob as cinzas.

Os passos na calçada da sua casa fizeram-na parar. Firmes, pesados, decididos. Conhecidos. Seu corpo inteiro enrijeceu antes mesmo de a porta se abrir. Ela sabia quem era. Conhecia o ritmo da caminhada, a postura, a energia que emanava dele e que sempre a deixava em estado de alerta e de antecipação.

Matheus surgiu na moldura da porta. O cabelo, escuro e bagunçado, ainda gotejava água da chuva fina que caí
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App