O tempo não parou. Pelo contrário, ele se dissolveu, tornando-se um líquido espesso e pesado no qual Olívia sentia que estava se afogando. A palavra ecoou na sala, não como um som, mas como uma força da natureza, remodelando instantaneamente a geografia de seus corações.
Papai.
Ela não sabia se a emoção que a invadia era alegria, terror ou uma dor agridoce que nascia do mais profundo de seu ser. A voz de Léo era um riacho de pureza, lavando anos de cinza e ressentimento, mas incapaz de apagar a marca de fogo que o olhar de Ian havia deixado em sua alma.
Ele ainda estava ajoelhado no chão, transformado pela simples magia da paternidade. Em suas mãos, ele segurava o desenho não como um pedaço de papel, mas como um artefato sagrado. Três figuras desengonçadas, de mãos dadas sob um sol com um sorriso exagerado. Uma tríade. A unidade perfeita que o menino, em sua sabedoria infantil, ainda acreditava ser possível.
Quando Ian ergueu os olhos para ela, era como se um fio invisível se esticass