A fumaça queimava os pulmões.
O vento trazia cinzas e gritos.
Mas nada; nada faria Olívia parar.
— Senhora, não pode passar! — gritou um bombeiro, segurando-a pelos ombros.
Ela se desvencilhou com uma força que não sabia possuir. O hospital ainda estava em sua pele: o avental branco, os pés descalços, o curativo no braço queimado. Mas seus olhos, os olhos de uma mulher que já conheceu o inferno, ardiam mais do que qualquer labareda.
— Ele está lá dentro! — ela gritou, empurrando o bombeiro. — Meu marido está lá!
Carla vinha logo atrás, tossindo pela fumaça, os cabelos desgrenhados.
— Olívia, pelo amor de Deus! — ela tentou alcançá-la. — Você vai morrer aí dentro!
Mas Olívia não ouviu.
O ruído do fogo, o som distante de metal cedendo; tudo se misturava a uma única voz em sua mente: Ian.
O caos ao redor era quase irreal.
Mangueiras jorravam jatos de água que viravam vapor antes de tocar o chão.
O cheiro de gasolina e ferro derretido se misturava ao sal do mar.
Bombeiros gritavam ordens