A manhã ardia.
O cheiro de fumaça, óleo queimado e sal se misturava no ar, espesso, quase sólido. As antigas docas dos Moretti, abandonadas há anos, agora eram um inferno em chamas.
O fogo subia em colunas vivas, refletido na água escura como se o próprio mar também queimasse.
Sirene sobre sirene.
Bombeiros gritavam ordens, o vento soprava cinzas sobre os uniformes, e os faróis dos carros piscavam como relâmpagos artificiais.
Ian saiu do carro antes que ele parasse por completo.
Matheus tentou segurá-lo.
— Ian! Espera! Eles disseram que ainda há explosivos nos contêineres!
Mas Ian já estava andando, o casaco batendo atrás de si, os olhos fixos no coração do caos.
Ele não ouvia nada.
O barulho do fogo, o estalo do metal cedendo, o grito dos rádios, tudo se apagava sob o rugido ensurdecedor dentro dele.
O mesmo rugido que o acompanhava desde o dia em que o irmão sequestrara Olívia.
O mesmo rugido que dizia: acaba com isso.
Os seguranças que vieram atrás não ousaram ultrapassar a linha i