O vento no penhasco era uma entidade viva, uma fúria invisível que cortava através do tecido fino do vestido de noiva de Olívia como se fosse papel. Cada rajada era um açoite gelado contra sua pele, empurrando-a perigosamente perto da borda. A noite não era quieta; era um ser faminto, uivando histórias de almas perdidas que haviam encontrado seu fim naquelas mesmas rochas negras.
Abaixo, o mar não quebrava, ele rugia. Ondas monstruosas, escuras como óleo, explodiam contra o penhasco, e o estrondo ecoava em seus ossos. O cheiro do sal era tão forte que ela conseguia senti-lo na parte de trás da garganta, uma mistura acre com o sabor metálico de seu próprio medo.
Por um momento fugaz, envolta no caos da natureza, ela acreditou na ilusão da solidão. Mas então, acima do uivo do vento, um som a fez gelar: passos. Lentos, deliberados, pesados. O arrastar calculado de botas no solo pedregoso.
— Pensou mesmo que eu seria tão tolo? — a voz surgiu logo atrás dela, tão próxima que o calor das pa