POV: Helena
A claridade branca do hospital queimava meus olhos, mas era um alívio saber que ainda podia senti-la. Minha barriga doía, e um peso morno repousava sobre ela — o curativo, talvez. Estava viva. Meu bebê também.
Mas a lembrança do tiro, do desespero, do rosto do Dante gritando meu nome… aquilo ainda me atravessava como uma lâmina.
Ouvi passos. Respiração contida. Meu coração acelerou.
— Helena?
A voz dele. Rouca, ferida, quebrada. Mas inconfundível.
Abri os olhos devagar, e lá estava ele. Dante. Com os olhos marejados, o maxilar travado e as mãos cerradas como se estivesse segurando o próprio mundo para não desmoronar. Ele parecia cansado, sujo de sangue seco — o meu? — e com uma sombra de culpa cobrindo seu rosto.
— Você voltou — sussurrei, a voz fraca.
Ele se aproximou da cama, sentando ao meu lado com cuidado. Seus dedos tocaram os meus, com uma delicadeza que me desmontou.
— Eu nunca fui embora, Helena. Eu… — ele respirou fundo — eu achei que te perderia. E isso me destr