A noite estava sufocante, mesmo com o ar-condicionado do salão de festas funcionando a todo vapor. Vestidos longos, joias reluzentes e sorrisos falsos se espalhavam pelo ambiente como perfume barato disfarçando podridão. Eu me sentia deslocada, mesmo com a maquiagem impecável e o vestido preto justo que minha mãe insistiu para que eu usasse.
O leilão beneficente era organizado por um dos maiores nomes da cidade — um evento onde empresários lavavam reputações e políticos se faziam de santos. E, aparentemente, também era onde a máfia mostrava os dentes usando terno e gravata.
— Mantenha a postura — minha mãe sussurrou entre os dentes, sorrindo para uma socialite do outro lado do salão. — Você está sendo observada.
Eu já sabia disso.
Desde que cheguei, senti o olhar dele. Um homem alto, de presença imponente, terno cinza escuro sob medida e um sorriso que não tocava os olhos. Ele me estudava como se eu fosse mais uma peça valiosa a ser leiloada naquela noite.
Dante estava a poucos