Saulo Prado
Minha mãe me contou que Frantesca havia saído. Sem malas, sem bolsa, sem nada. Apenas se arrumou e foi embora. Passei a manhã me perguntando para onde ela tinha ido. Mas, quando a tarde já passava da metade, ela voltou.
- E o que você decidiu? - perguntei assim que ela entrou no quarto.
Frantesca ergueu os olhos como se tivesse visto um fantasma.
- Você sabia que a Angelina teve filhos?
Ri sem graça, um riso seco, orgânico.
- Não, Frantesca, eu não sei nada da Angelina. Até onde eu sabia, aqueles meninos eram da Ana Júlia, filha dela.
- Não são. - ela negou com firmeza. - Ela jogou na minha cara que ia buscar os filhos. Eu a segui, e ela...
Levantei da cama, perplexo.
- Você a seguiu? Mas por quê, criatura? Pra quê?
Ela apenas deu de ombros.
- Porque eu não tenho. Deve ser por isso.
Franzi o cenho, sem acreditar no que ouvia.
- Você tem noção do que fez? O marido dela é procurador, Frantesca! Ele pode ter seguranças... e se...
Mas ela simplesmente entrou no banheiro e