Saulo Prado
Eu deveria ter desconfiado. Tanta bondade, tanta atenção, tanta calmaria... não era de graça. Já estava decidido a largar tudo, o escritório, os casos, aquela farsa toda. Eu tinha dito, naquela sala abafada e cheia de hipocrisia, que não ficaria. Dane-se as consequências. Mas é como se o universo me obrigasse a pagar pelo meu próprio ato, como se estivesse fadado a carregar minhas escolhas até o fim.
Mal sair da sala decidido, e lá estava Angelina.
De vestido branco de alcinhas com alguns bordados, desenhando a curva dos seus seios, com algumas saias rodadas após a cintura, chinelo no pé, os cabelos soltos.
Porra!
Ela é tudo que ainda me prende em Sobral. Eu não queria ir embora... mas sabia que, longe do escritório, seria o primeiro passo para esse afastamento.
Ainda não entendi direito como funcionaria a chegada de Francesca à Prado, se continuaria somente Prado ou seria Prado & Associados. Mas uma coisa era certa: aquela mulher não me cheirava bem.
Algo nela gritava