Saulo Prado
Não dormi. O que começou com uma pergunta virou contas, cálculos, dúvidas. Peguei o celular várias vezes, pensei em ligar, perguntar... mas não tinha coragem. Não era possível. Angelina não faria isso comigo.
Mas os números não mentiam. Ou os meninos nasceram cedo demais, ou já estavam ali tempo demais. Meu sangue fervia. Eu lembrava do hospital, do dia em que ela desmaiou. O médico disse que era um cisto. Mas como explicar agora? Nenhuma criança poderia ter cinco anos completos depois de nós. Quatro, três... mas cinco?
Saí cedo de casa. Minha mãe ainda dormia. Diogo não tinha saído. Eu já havia pesquisado o bastante, mas precisava ouvir alguém negar. Precisava que alguém dissesse que eu estava errado.
Caminhei até a casa verde e branca devagar, era demais para ser verdade. Só de olhar para ela, as lágrimas vieram. Como eles puderam? Como ela pôde me roubar assim? Ela sabia que, com ela, eu queria tudo. Eu toparia tudo. E agora não tinha chão, só perguntas, voltei para cas