Angelina Da Costa
O expediente apenas começava. Aliás, planejava começar, e quase todos os setores chegavam naquele horário. Engoli em seco, assustada, olhando para Saulo que me encarava, sério, como se esquecesse onde estávamos. E eu sabia, sentia, que os demais nos observavam.
- Eu disse que não vi! - repetiu, os olhos nos meus, o tom firme. O aperto no meu braço junto com o puxão ainda doíam.
- Não prestei atenção. - completou.
Tentei me soltar, mas as pastas que carregava haviam caído, todas.
- Já ouvi. Me solte, estamos em público. - sussurrei entre os dentes.
Olhei ao redor. Ana Maria, Paulo, Ricardo, Juliana... rostos conhecidos, gente de TI, da contabilidade, da administração. Todos funcionários da Prado. Todos com os olhos em nós.
Saulo me soltou, finalmente percebendo o constrangimento. Agachou-se e começou a catar as pastas, como se nada tivesse acontecido. Eu, por dentro, me sentia desmoronando. Respirei fundo.
- Bom dia, tudo bem? - tentei manter o tom profissional, for