Saulo Prado
Depois de uma semana turbulenta e deliciosa o sábado finalmente chegou. Havíamos trabalhado só meio período, mas o clima no escritório continuava denso. Tensão velada, pequenos jogos de poder, silêncios barulhentos.
Quando Débora apareceu, confesso que estranhei. Nunca foi do tipo que se dá ao luxo de trabalhar aos sábados. Ou talvez fosse só uma nova versão dela que eu ainda não conhecia. A maternidade parecia tê-la atropelado. O casamento também. Forçado? Talvez. Perdido? Provável. A aliança ainda jazia ali, brilhando no dedo anelar, como quem insiste em contar uma mentira.
Rafael estava na recepção, como um figurante incômodo. Vítima ou cúmplice daquele sábado em que esteve com ela? Ainda era cedo pra dizer. Já Angelina... se levantou de trás da mesa com um sorriso suave nos lábios. Vestido branco. Justo. Leve. Quase um anúncio silencioso do fim de semana que se aproximava.
- Déb, bom dia! - disse ela, com um entusiasmo manso.
Elas se cumprimentaram como se realmente e