Eu não vou me casar

Angelina Da Costa

Não era novidade nenhuma que o senhor Otávio leiloasse filhos e netos ao sabor de seus interesses, como quem negocia gado em feira. Mas eu, talvez por ingenuidade ou esperança, achava que Saulo estivesse fora desse rodízio. Ainda havia tantos netos. Tantas opções. Tantos pactos possíveis.

Fiquei em silêncio pelo resto da manhã. E também durante o caminho de volta para casa. Saulo dirigia ao meu lado com os dedos impacientes no volante, o maxilar tenso, como se cada minuto ali fosse um peso. Quando o trânsito do sábado se transformou num engarrafamento caótico, ele soltou um suspiro alto, como se me buscar e me levar para casa fosse exaustivo. Quase insuportável.

- Eu desço aqui. - Disse, já pegando minha bolsa e abrindo a porta. - Você pode seguir...

Ele segurou meu braço, firme.

- Nem ouse. Uma ova! Fecha essa porta e senta essa bunda nesse banco. - Sua voz era baixa, mas afiada.

Engoli em seco. Sentei. Ele ainda mantinha a mão no meu cotovelo, os olhos fixos em mim
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