Angelina Ribeiro
Meu peito subia e descia em espasmos curtos, as mãos trêmulas agarradas ao volante. Podia ouvir meus pulsos martelando nos ouvidos. O acidente quase aconteceu, meu maior pesadelo.
Soltei a buzina com um gesto brusco, mas as pernas ainda não obedeciam. O medo me paralisava.
- Não vai descer? - a voz dele soou firme, carregada de sarcasmo. Vi Saulo abrir a porta do carro e sair, enquanto eu continuava imóvel. Prometera a Laura que não demoraria. Se alguém chamasse antes do meu retorno, ela saberia o que dizer.
Quando a porta do meu carro se abriu, meu primeiro instinto foi correr. Mas não houve tempo. Ele se inclinou, arrancou o cinto do meu corpo com brutalidade.
- Está gostando de brincar comigo, Angelina? - murmurou, os olhos faiscando. - Pois vamos brincar. Já que sabe ocupar tão bem o papel de nora da minha mãe... vamos ver até onde vai tudo isso.
Antes que eu pudesse reagir, seus braços me ergueram como se eu fosse leve demais, uma bagagem inconveniente, agarrando