Angelina da Costa
Eu queria aproveitar o hoje.
O agora.
Cada segundo da minha vida sem atropelar o tempo, sem querer chegar no amanhã antes de viver o presente.
Acordei mais cedo que o habitual.
Saulo dormia relaxado na cama, o peito subindo e descendo num compasso lento. Peguei a camisa amarela dele, ainda impregnada com o perfume que talvez estivesse mais no meu corpo do que no tecido. Calcei os chinelos dele e, depois de uma higiene rápida, comecei a descer as escadas devagar.
O dia ainda estava ganhando tonalidades.
Hoje é o aniversário dele.
Eu queria preparar um café e levar na cama, mas mal alcancei o terceiro degrau...
- Ele não vai ver. Fica aqui... o que custa confiar em mim? - uma voz masculina sussurrou.
- O problema, Rafael, é que eu não posso confiar em ninguém. Nem em você. Nem no Saulo que você tanto confia. Eu sou uma fodida... O Edgar pode me matar se quiser, a qualquer hora. O que você acha? - a resposta veio carregada de amargura. A voz... era de Débora.
Meu corpo