Saulo Prado
Pude sentir a tensão de Angelina, cada vez mais evidente enquanto a reunião se desenrolava. De vez em quando, ela olhava para nós, depois voltava os olhos para a janela fechada, talvez buscando distração na chuva forte que caía do lado de fora. Enquanto dentro, tudo estava imerso em um silêncio calculado, mas eu não podia deixar que a atmosfera pesada tomasse conta. Sabia que precisava manter o controle, como sempre.
Aquela reunião não era apenas sobre um caso de discriminação.
Minha missão ali era profunda. Eu precisava mexer com a imagem de Ana Rebouças, uma mulher que, como tantas outras com poder, estava mais preocupada em manter o que tinha do que em realmente refletir sobre suas atitudes. Racista, sim, mas não era o tipo de pessoa que a justiça deveria tratar como simples adversária. Era a sua posição, a sua empresa, que estava em jogo.
Durante a conversa, fui manipulando os pontos, suavizando as falas de acusação, focando mais na imagem da empresa que ela representa