Mais um dia se inicia na Rodrigues Corporation, e eu estava determinada a manter minha postura profissional, que finalmente foi reconhecida. Gabriel não era apenas o CEO, ele era a imagem de um homem inatingível — e eu precisava me lembrar disso o tempo todo.
Mal havia ligado meu computador quando Marina se aproximou, segurando uma prancheta com expressão animada.
Franziu a testa, estava mais confiante é claro, mas aquela informação me pegou desprevinida.
— O senhor Gabriel quer que você o acompanhe a um evento de negócios esta noite. Um jantar com investidores, no Hotel Imperial.
Pisquei, sem entender.
— Gabriel disse que você tem um bom senso de observação e que quer você ao lado dele. — Ela deu de ombros. — Ele nunca leva assistentes novos para eventos. Acho que você causou uma boa impressão.
Senti minhas mãos suarem. A ideia de passar a noite ao lado dele, em um evento, mesmo que formal, me deixava nervosa de uma forma que eu não queria admitir.
Marina sorriu para mim, parece que já esperando por essa pergunta.
Confirmei com a cabeça e retomei o que estava fazendo anteriormente.
No intervalo, Marina me levou até uma boutique elegante. Eu confesso que não estava acostumada com tanto luxo, e cada vestido parecia pertencer a um mundo diferente do meu.
— Esse aqui é perfeito. — Marina escolheu um vestido preto simples, mas sofisticado, com um corte reto que realçava meu corpo e minhas curvas, mas sem ser exagerado.
Eu hesitei por um momento ao ver o preço, mas Marina balançou a cabeça.
A noite, depois que cheguei em casa, me arrumei com cuidado, com a ajuda da minha amiga Paula. O vestido preto me caía perfeitamente, os cabelos soltos em ondas suaves, e um toque de maquiagem deixava meu rosto ainda mais delicado. Depois de pronta me olhei no espelho, quase não acreditou ser a mesma pessoa.
— Você está linda amiga, não esquece da bolsa. — Sorrio para minha amiga que me observa através do espelho.
— Obrigada minha amiga, por me ajudar, sempre.
O motorista de Gabriel me buscou em casa, às oito em ponto. Quando o carro parou em frente ao hotel, eu desci sentindo meu coração disparar. Meu chefe já estava na entrada, me aguardando e falando ao telefone.
Quando ele me viu, parou por um segundo, deixando a pessoa do outro lado da linha falando sozinho.
Senti minhas bochechas esquentarem, e agradeci o elogio.
Ele terminou sua famada e estendeu o braço para mim, de forma natural.
O motorista de Gabriel a buscou em casa. Quando o carro parou em frente ao hotel, Ana desceu sentindo o coração disparar. Gabriel já estava na entrada, falando ao telefone.
Quando ele a viu, parou por um segundo.
Ana sentiu as bochechas esquentarem.
Ele estendeu o braço de forma natural.
Ao entrar no salão do hotel, eu fiquei impressionada com tamanha beleza. O lugar estava decorado com flores brancas, lustres imponentes e mesas de cristal. Homens e mulheres bem vestidos circulavam com taças de champanhe, conversando sobre negócios que eu mal conseguia entender.
Comigo ainda grudada em seu braço, Gabriel enquanto caminhava pelo salão, cumprimentava alguns investidores, sempre com uma postura impecável. E eu me mantinha ao lado dele, tentando não parecer deslocada.
— Senhor Rodrigues, esta é a nova assistente? — Um homem de terno cinza perguntou com um sorriso curioso.
— Sim. — Gabriel respondeu, com naturalidade. — Anna oliveira, uma das pessoas mais atentas e interessadas que já entrou para minha equipe.
Escutando aquilo, senti uma pontada de orgulho. Gabriel não precisava me elogiar, mas o fez, e a forma como ele disse meu nome soou diferente, quase… íntima.
Enquanto a noite avançava, Gabriel ocasionalmente se inclinava para explicar algo para mim — uma negociação, o perfil de um investidor, ou até pequenos detalhes sobre como funcionavam os contratos internacionais. A voz dele, baixa e próxima, fazia o mundo ao redor parecer mais distante.
— Está nervosa? — Ele perguntou em um momento, quando percebeu que eu mexia na taça com os dedos.
— Um pouco. — Finalmente admiti. — Não estou acostumada com tudo isso.
— Está indo muito bem. — Gabriel respondeu, olhando para mim com uma intensidade que me fez prender a respiração.
No final da noite, a música começou a tocar no salão. Algumas pessoas foram até a pista improvisada, que agora tinha luzes diretamente nela, para dançar. Gabriel, com aquele jeito confiante, se virou para mim, estendendo sua mão com cuidado.
— Dança comigo. — Ele não perguntou, afirmou.
Arregalei meus olhos e disse:
— Sim. — Ele sorriu e continuou com a mão estendida, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. — É apenas uma dança, Anna, prometo não te morder. — Ele fala e me dirige aquele lindo sorriso de molhar qualquer calcinha, droga.
Hesitei por alguns segundos, mas acabei aceitando, colocando minha mão delicadamente por cima da dele. A mão do meu chefe era quente, firme, e a forma como ele me conduziu pelo salão era quase hipnotizante.
— Está nervosa outra vez. — Ele disse, com um leve sorriso, os seus olhos fixos nos meus.
— Um pouco. — Eu admiti, sentindo meu coração bater rápido demais.
— Relaxe. — Ele falou em meu ouvido, com uma voz tão baixa que só eu poderia ouvir.
A música parecia desacelerar, e por alguns segundos, esqueci completamente onde estava. Era como se só existissem nós dois ali, sob aquelas luzes douradas que iluminava o ambiente.
Quando tudo terminou, Gabriel me acompanhou até seu motorista.
Eu sorri, surpresa com o elogio.
— Espero que não tenha sido desconfortável demais para você. Mesmo nervosa em alguns momentos.
— Não… — Eu respondi, sentindo um calor estranho subir por meu corpo. — Eu realmente gostei. Uma nova experiência.
Por um momento, nós ficamos em silêncio, apenas nos olhando. Gabriel parecia como se quisesse dizer algo, mas apenas fechou a porta do carro com extrema delicadeza.
No caminho para casa, eu não conseguia parar de pensar na dança, no toque das nossas mãos e na forma como ele me fez sentir. Sorrio sozinha, não podia me deixar envolver por ele.
Gabriel, que já estava em seu apartamento, também estava inquieto. Ele sempre manteve limites claros entre sua vida pessoal e profissional. Mas Anna tinha algo diferente. Algo que mexia com ele de um jeito que não queria admitir.