O céu daquela manhã estava limpo.
O tipo de céu que parece combinar com começos.
Theo dormia no bebê-conforto atrás, enquanto Anna falava no celular com Marina.
Fingi que estava apenas indo visitar um amigo.
Ela não desconfiava de nada.
Nem mesmo quando pegamos a estrada.
Mas meu coração…
O coração batia como se fosse a primeira vez.
Ao chegarmos no terreno, pedi que ela descesse de olhos fechados.
Ela riu, desconfiada.
— Isso é outra pegadinha sua?
— Confia em mim.
Guiá-la pela mão até a entrada da casa — ou melhor, do que um dia será a casa — foi como caminhar entre tudo o que vivemos.
Os primeiros olhares.
O reencontro.
As brigas.
A reconciliação.
Theo.
Tudo aquilo estava ali, entre os degraus inacabados e as paredes ainda cruas.
— Pode abrir os olhos agora.
Anna ficou em silêncio.
Olhou ao redor.
Depois pra mim.
— O que é isso, Gabriel?
— Nosso lar.
— Eu comecei isso sem te contar. Porque queria te dar algo que fosse só nosso.
— Sem a pressão da cidade. Sem barulhos. Sem correrias