Quando Anna me disse para ficar, quando abriu o espaço da cama e me convidou com um simples "só fica", algo dentro de mim se partiu e se reconstruiu ao mesmo tempo.
Era como se todas as cicatrizes que deixei entre nós tivessem, enfim, formado uma ponte.
Não precisei perguntar o que significava.
Não pedi explicações.
Só segurei sua mão e fiquei.
Ficamos ali, lado a lado, com Theo dormindo no bercinho.
Ela de pijama de algodão, cabelo preso no alto da cabeça, olheiras fundas.
E ainda assim, mais linda do que qualquer imagem que eu guardava dela.
— Tá cansada? — perguntei.
— Exausta. Mas pela primeira vez em dias, estou em paz.
Acariciei sua mão com o polegar, devagar.
— Eu sonhei tanto com isso… mas achei que nunca teria de novo.
— Eu também achei.
Nos olhamos.
O silêncio dizia o que as palavras não podiam.
Era um recomeço.
Quando ela deitou a cabeça em meu ombro, senti sua respiração calma, profunda.
Minha mão deslizou pelos seus cabelos, depois pelas costas.
Ela virou o rost