Enquanto isso, no bar do hotel, Rafael tomava um uísque duplo, sentado sozinho em um canto discreto. Os olhos fixos no gelo que derretia lentamente no copo. Os dedos tremiam levemente, como se segurassem não apenas o copo, mas também todas as emoções reprimidas.
— Me desculpa, Letícia... — murmurou, quase sem som. — Não era pra ser assim. Eu não devia estar sentindo isso. Não agora.
O nome escapou como uma confissão dolorosa. A culpa o corroía por dentro. A dor antiga que ele guardava com tanto zelo agora pulsava mais forte, como se o acusasse por cada batida de coração acelerada ao lado de outra mulher. Ele se sentia dividido entre passado e presente, entre memória e desejo.
Pegou o celular com dedos hesitantes e ligou para seu velho amigo Gustavo, em São Paulo — um dos poucos que sabia toda a his