— Você tá brincando comigo! — a voz de Lívia quase estourou meu tímpano no celular.
Sorri fraca, andando de um lado para o outro pelo apartamento minúsculo. A madeira do piso rangia sob meus passos curtos.
— Eu juro, Lív. Ele… me contratou.
— Ele, quem? — insistiu, a respiração dela vindo apressada do outro lado da linha.
Engoli seco. A palavra saiu quase como segredo:
— O próprio. O senhor Dante Bellucci.
O silêncio durou longos segundos. Eu podia ouvir apenas o barulho do trânsito distante entrando pela janela aberta. Então, o tom de alerta veio carregado, mais sério do que eu esperava:
— Ele nunca faz entrevista, Ceci. Eu trabalho pra ele há dois anos e nunca o vi. Não sei não… cuidado. Esses homens gostam de meninas novas. Usam, depois descartam.
Meu coração apertou, como se uma mão invisível o segurasse. A ideia de ser apenas mais uma distração na vida de um homem como ele me corroía. Mas Lívia, percebendo meu silêncio, tentou disfarçar com humor:
— Você tá de novela mexicana