Traída pela irmã e pelo noivo, Cecília Duarte jura nunca mais implorar por amor. Mas na cidade de Veridiana, onde arranha-céus de vidro se erguem sobre cicatrizes invisíveis, ela descobre que algumas promessas são frágeis demais diante do destino.Com apenas dezenove anos, frágil por fora e teimosa por dentro, Ceci conquista uma vaga improvável de estágio no Instituto Bellucci, braço filantrópico do maior império empresarial do país. Lá, seus dias passam entre relatórios, intrigas de corredores e a sombra constante de um homem que não tolera falhas: Dante Bellucci.Aos trinta e quatro anos, Dante é o arquiteto de um império que controla energia, logística, tecnologia e saúde. Frio, metódico, avesso a escândalos, ele aprendeu cedo que distrações custam caro. Não olha duas vezes para ninguém. Até cruzar com a menina do café, uma menina de olhos azuis-acinzentados, de olhar curioso e beleza inigualável.Enquanto Cecilia luta para provar que é mais do que a incompetente e indesejada irmã

Balancei a cabeça, em rendição amarga. Trabalhar ali… na Torre Arcturus… era um sonho distante demais. Um mundo que não era o meu.Mas, por alguma razão, não consegui parar de olhar para aquela torre.Naquela noite, a vida tentou parecer normal. Eu e Lívia dividimos uma pizza de qualidade duvidosa, assistimos a um filme ruim, rimos em momentos que não tinham graça. Rir era melhor do que chorar. Pelo menos naquela noite.O mês seguinte não trouxe alívio. Apenas rotina.Aprendi a viver como quem anda por uma corda bamba: sem olhar para baixo, sem pensar no fim. O Café Lótus, onde trabalhava, tornou-se meu refúgio.Uma cafeteria elegante no Centro Velho, com paredes de tijolos aparentes, estantes de livros e aroma constante de café fresco e canela. Empresários da elite da cidade se encontravam ali para reuniões rápidas, enquanto turistas se perdiam entre xícaras fumegantes.Para mim, o Lótus era mais que um emprego: era um abraço invisível.Dona Teresa, a proprietária, me tratava com car

E eu?Quando decidi cursar Relações Públicas, ouvi o veredito gelado de Marta e Álvaro: — Não faz sentido duas filhas competirem na mesma área. Você não nasceu para isso, Cecília.Obrigaram-me a sair de RP. Troquei por Publicidade e Propaganda, o curso mais próximo uma esmola com recibo. O recado ficou claro: não tente ocupar o lugar de Valentina.Nunca houve espaço para mim. Nunca houve pertencimento. Eles já deixaram claro que eu não estou no testamento. Tudo é de Valentina. O sol deles. A razão deles existirem.Revirei os olhos só de pensar.Mas, naquela noite, a ideia não me deixou em paz.Lívia estava certa: e se eu me inscrevesse na vaga de estágio da Bellucci Holdings?Se eu conseguisse… seria o começo de uma nova vida.No Café Lótus, eu ganhava R$ 1.500 por mês. O estágio pagava o dobro — com benefícios. Eu poderia pagar minhas contas sem medo. Guardar. Montar um fundo para, quem sabe, sair daquele apartamento apertado e respirar sem pedir licença ao mundo.Mais do q

O e-mail chegou numa tarde de quinta-feira.Prezada Cecília Clara Duarte, Sua candidatura para a vaga de estágio em Comunicação Interna no Instituto Bellucci foi aprovada para entrevista presencial.Data: segunda-feira, às 10h.Local: Torre Arcturus, 50º andar.Atenciosamente, Equipe de Talentos - Bellucci HoldingsLi dez vezes. Dez. O coração batia tão alto que parecia ecoar pelas paredes do meu apartamento.Torre Arcturus. Não o prédio do Instituto. Mas o edifício mais imponente da cidade. Onde ele trabalhava. De onde Dante Bellucci comandava tudo.Na mesma hora, mandei mensagem para Lívia. — Não pode ser real.Ela respondeu com áudios empolgados, mandando eu respirar, me arrumar, não surtar.Fácil falar.Depois, outro áudio, mais sério: — Ceci, isso tá estranho. As entrevistas são sempre no Instituto, nunca na Torre. Você leu direito?Li outra vez. Estava lá. Um arrepio subiu pela espinha. Por que eu?A segunda-feira amanheceu ensolarada, mas minhas mãos estavam geladas.To

— Você tá brincando comigo! — a voz de Lívia quase estourou meu tímpano no celular.Sorri fraca, andando de um lado para o outro pelo apartamento minúsculo. A madeira do piso rangia sob meus passos curtos. — Eu juro, Lív. Ele… me contratou.— Ele, quem? — insistiu, a respiração dela vindo apressada do outro lado da linha.Engoli seco. A palavra saiu quase como segredo:— O próprio. O senhor Dante Bellucci.O silêncio durou longos segundos. Eu podia ouvir apenas o barulho do trânsito distante entrando pela janela aberta. Então, o tom de alerta veio carregado, mais sério do que eu esperava: — Ele nunca faz entrevista, Ceci. Eu trabalho pra ele há dois anos e nunca o vi. Não sei não… cuidado. Esses homens gostam de meninas novas. Usam, depois descartam.Meu coração apertou, como se uma mão invisível o segurasse. A ideia de ser apenas mais uma distração na vida de um homem como ele me corroía. Mas Lívia, percebendo meu silêncio, tentou disfarçar com humor: — Você tá de novela mexicana